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Biopirataria aumenta a desigualdade social. Indústria farmacêutica é criticada por não dividir lucros com países em desenvolvimento

BERLIM. O ministro do meio ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, criticou a exploração dos recursos genéticos dos países em desenvolvimento por parte das grandes empresas do mundo industrializado. Por Graça Magalhães-Ruether, Correspondente do O Globo, 20/05/2008.

Ao abrir a Conferência dos Países Signatários da Convenção de Biodiversidade da ONU, ontem, em Bonn, Gabriel afirmou que a divisão dos lucros obtidos com o uso desses recursos é uma reivindicação justa dos países em desenvolvimento, “uma questão de justiça”.

— Os países industrializados devem reconhecer que é preciso dividir os lucros — disse Gabriel, ao alertar para a redução dramática da biodiversidade e a necessidade de criação de um acordo.

Durante a reunião de duas semanas, que conta com a participação de cerca de seis mil representantes de 191 países, o Brasil defenderá como principal meta a regulamentação para o retorno dos benefícios financeiros.

Fernando Coimbra, que chefia a delegação brasileira até a possível chegada do novo ministro do meio ambiente — Carlos Minc não confirmou presença — disse que o Brasil vai defender o combate à biopirataria, o uso ilegal dos recursos genéticos do pais por parte da multinacionais para a produção de medicamentos ou cosméticos e a “propriedade” dos conhecimentos tradicionais.

— Quando empresas estrangeiras usarem conhecimentos tradicionais de tribos indígenas, por exemplo, o de que uma determinada erva tem um efeito curativo se for usado de determinada forma, então elas devem pagar pelo uso — afirmou Coimbra.

Enquanto as multinacionais faturam milhões com as suas patentes de remédios, os países que forneceram a matéria-prima não recebem até agora um centavo.

Muitos países industrializados manifestam a dúvida se é possível a regulamentação do uso desses recursos. Os EUA recusaram-se até agora a ingressar na convenção, embora sejam o pais que mais lucre com a biopirataria.