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Aquecimento pode diminuir furacões no Atlântico

Cientistas americanos prevêem menos furacões no Oceano Atlântico durante o século 21. A pesquisa, realizada pela Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) e publicada no site da Nature Geoscience, contraria a opinião corrente de que o aquecimento global aumentará a incidência de tempestades tropicais e furacões na região. Por Alexandre Gonçalves, do O Estado de S.Paulo, 20/05/2008.

Desde 1970, a ocorrência desses fenômenos aumentou 75%, dado que confirmaria a relação entre efeito estufa e certos eventos extremos. Mesmo assim, os cientistas prevêem uma redução de 18% no número de furacões para as próximas décadas. Por outro lado, o potencial médio de destruição será maior.

Thomas Knutson, co-autor da pesquisa, explicou ao Estado que o modelo de previsão criado por sua equipe questiona a tese de que temperaturas mais altas na superfície da água são o principal fator para a ocorrência de furacões. “Mais importante é a diferença de temperatura entre os oceanos nos trópicos”, afirma. Segundo o pesquisador, no fim do século 20, o Atlântico aqueceu mais rápido do que outros oceanos. Daí o aumento no número de furacões. “Mas, segundo os modelos climáticos disponíveis, o aquecimento global aumentará de forma uniforme a temperatura dos oceanos no século 21”, conclui Knutson.

O pesquisador Pedro Leite da Silva Dias, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, explica que três condições costumam acompanhar o surgimento de furacões. Em primeiro lugar, a umidade do ar dos cinco aos sete quilômetros de altitude deve ser alta. Depois, convém que a temperatura da água até a profundidade de 60 metros seja superior a 26°C. Por fim, os ventos em todas as altitudes sobre um mesmo ponto devem soprar em uma só direção. “O aquecimento global tornará menos freqüente esta última condição sobre o Oceano Atlântico”, afirma Leite. “Isso explica os resultados da pesquisa americana.”