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Notícia

Estudo restringe turismo em Chapada dos Guimarães aos mirantes e trilhas sinalizadas

Defesa Civil aponta riscos e medidas a serem adotadas no Véu de Noiva – O estudo feito pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), por meio da Superintendência de Defesa Civil, no Véu de Noiva, localizado em Chapada dos Guimarães, foi entregue ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Energia Renováveis (Ibama) com recomendações que apontam para a necessidade de que os turistas contemplem o local apenas usando o mirante e que o acesso às trilhas da área estudada seja restringindo e sinalizado, assim como o local onde ocorreu o acidente no dia 21 de abril deste ano. Tais medidas devem ser adotadas de forma preventiva, pelo menos até a conclusão do Plano de Manejo da Unidade de Conservação. Matéria da Redação 24HorasNews, 12/05/2008 – 10h07.

Há orientação para a necessidade de conclusão o mais rápido possível do plano, no qual deve conter, além dos itens presentes no Roteiro Metodológico para elaboração de Planos de Manejo em Unidades de Conservação, um levantamento geotécnico aprofundado do paredão de arenito e das trilhas.

Os guarda-corpos e passarelas de pedestres também devem seguir normas estipuladas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – Acessibilidade (ABNT) a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e a Defesa Civil aponta, ainda, para a necessidade de criação de um programa contínuo de monitoramento das condições de degradação dos paredões e trilhas existentes em toda a área do parque. Outra orientação é que as normas ambientais sejam observadas, uma vez que as bordas dos paredões do Parque Nacional são enquadradas como Áreas de Preservação Permanentes.

O estudo feito pela defesa Civil considerou os aspectos geológicos, geomorfológicos, pedológicos e antrópicos. Por meio desta análise chegou-se a conclusão que o paredão de arenito e as trilhas do Véu de Noiva são áreas de risco, podendo ser atingida por fenômeno ou processo natural ou induzido que causem efeito adverso.

No relatório encaminhado para o Ibama, a Defesa Civil afirma que as trilhas próximas aos paredões oferecem risco para os usuários, em função da proximidade com os precipícios, que há falta de sinalização adequada e os guarda-corpos estão em desacordo com as normas técnicas e isso, potencializa o cenário de risco. A trilha que dá acesso à base da cachoeira do Véu de Noiva oferece risco quanto à queda de fragmentos de rochas e que o grau de severidade da trilha de acesso à base da cachoeira potencializa a possibilidade da ocorrência de acidentes no local.

A Defesa Civil alerta ainda que existe o risco de queda de novos fragmentos rochosos na área analisada, porém a previsão do exato momento da queda é quase impossível, pois trata-se de um processo resultante da interação dos fatores geológicos, geomorfológicos, climatológicos, naturais e antrópicos ao longo do tempo.

O estudo foi feito pela Defesa Civil a pedido do Ibama, que é responsável pela administração do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. Foram analisados cerca de 4 hectares, abrangendo o paredão da cachoeira do Véu de Noiva e trilhas de entorno. A defesa Civil enfatiza que devido a complexidade dos fenômenos envolvidos, a compreensão total do comportamento de uma encosta natural exigirá uma criteriosa investigação geológica/geotécnica, que envolveriam trabalhos de campo e de laboratório aprofundados.

Leia abaixo um resumo do estudo feito pela Defesa Civil:

EVENTO – VÉU DE NOIVA

A respeito do evento adverso de causas naturais, devidamente classificado no CODAR NI.GQT – 13.304 como (Quedas, Tombamentos e/ou Rolamentos de Matacões e/ou Rochas), ocorrido no dia 21 de abril de 2008 no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, especificamente no local intitulado “Cachoeira do Véu de Noiva” e motivados pelo Ofício n° 285/2008/DICF/SUPES/IBAMA/MT, temos a informar que através de levantamento técnico preliminar sobre as condições de risco existentes no paredão e trilhas do entorno da Cachoeira do Véu de Noiva, chegou-se as seguintes considerações, conclusões e recomendações:

O Parque Nacional de Chapada dos Guimarães caracteriza-se por ser uma Unidade de Conservação Federal – de acordo com o artigo 11° da Lei Federal no 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, o Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

O trabalho realizado na referida unidade de conservação baseou-se em vistorias técnicas in loco e análise bibliográfica pertinentes. A área total analisada no trabalho foi de aproximadamente 4 ha, e diz respeito ao paredão da cachoeira do Véu de Noiva e trilhas de entorno.

Devido à complexidade dos fenômenos envolvidos, a compreensão total do comportamento de uma encosta natural exigirá uma criteriosa investigação geológica / geotécnica (NBR 6497- Levantamento Geotécnico, NBR 11682-1991-Estabilidade de Taludes), que envolveriam trabalhos de campo e de laboratório aprofundados.

A abordagem utilizada no trabalho desenvolvido baseou-se apenas na análise preliminar da interação geológica, geomorfológica e manejo de solo e água;

O paredão do Véu de Noiva está inserido no contexto geomorfológico da Unidade Morfológica do Planalto Dissecado apresentando formas de Relevo de Colinas Médias e Planas com bordas escarpadas. Esta forma ocorre no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, ocupando as cotas 680 e 720m, chegando a alcançar 800m de altitude nas proximidades com a unidade Morros e Morrotes Alongados. Apresentam formas de relevo com média dissecação, declividade média, topos extensos e aplanados, vertentes com perfis retilíneos a convexos, drenagem de baixa densidade, padrão paralelo, vales abertos a fechados, às vezes escarpados com córregos encachoeirados e feições ruiniformes elaboradas sobre os arenitos friáveis da Formação Furnas. As bordas de escarpas, cabeceiras de drenagem e veredas existentes nessas áreas, constituem terrenos muito sensíveis à erosão.

Considerando os aspectos geológicos, geomorfológicos, pedológicos e antrópicos concluiu-se que:

– O paredão de arenito e as trilhas da cachoeira do Véu de Noiva presentes na área analisada, caracterizam-se como áreas de risco (Área passível de ser atingida por fenômenos ou processos naturais e/ou induzidos que causem efeito adverso)

• As trilhas próximas aos paredões oferecem risco para os usuários em função da proximidade com os precipícios;

• A falta de sinalização adequada e guarda-corpos em desacordo com as normas técnicas potencializam este cenário;

• A trilha que dá acesso à base da cachoeira do Véu de Noiva oferece risco quanto à queda de fragmentos de rochas;

• O grau de severidade da trilha de acesso à base da cachoeira do Véu de Noiva potencializa a possibilidade da ocorrência de acidentes no local.
• Existe o risco de queda de novos fragmentos rochosos na área analisada, porém a previsão do exato momento da queda é quase impossível, pois trata-se de um processo resultante da interação dos fatores geológicos, geomorfológicos, climatológicos, naturais e antrópicos ao longo do tempo.

Neste sentido, recomendou-se que:

• O Plano de Manejo da Unidade de Conservação seja concluído o mais breve possível, devendo conter, além dos itens presentes no Roteiro Metodológico para elaboração de Planos de Manejo em Unidades de Conservação – IBAMA, um levantamento geotécnico aprofundado do paredão de arenito e das trilhas, além da observação das normas NBR 15505-01 e NBR 15505-02 e demais normas específicas;

• Os guarda-corpos e passarelas de pedestres sigam a norma brasileira NBR 9050/2004 e demais normas específicas;

• A criação de um programa contínuo de monitoramento das condições de degradação dos paredões e trilhas existentes em toda a área do parque.

Com o intuito de amenizar a vulnerabilidade do cenário estudado, visando garantir a incolumidade dos usuários do parque, enquanto o Plano de Manejo proposto não estiver finalizado, orientou-se:

• Que seja disponibilizado para contemplação cênica apenas o mirante oficialmente estruturado para este fim, levando em consideração dentre outros aspectos a capacidade de carga do local;

• As demais trilhas da área estudada devem ter seu acesso restringido à visitação pública e conter sinalização específica;

• Tratamento isonômico deve ser empregado no local sinistrado;

• Considerando que as bordas dos paredões do Parque Nacional são enquadradas como Áreas de Preservação Permanentes, todas as normas ambientais pertinentes devem ser observadas.