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Crise alimentar pode gerar futuro sombrio, diz ONU na África

Maputo, 7 mai (Lusa) – O diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsuura, prevê um “futuro sombrio” para a humanidade devido à crescente crise alimentar mundial, que atinge sobretudo a África, continente que deverá ser afetado pela redução de programas de distribuição de comida. Da Agência Lusa, 07-05-2008 07:35:08.

“A crescente crise alimentar poderá trazer um futuro sombrio para o desenvolvimento da humanidade nos próximos anos”, principalmente na África, onde “a falta de alimentos poderá colocar em perigo a capacidade de aprendizagem das crianças pobres”, disse o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Discursando na Bienal sobre a Educação na África, que acontece desde segunda-feira em Maputo, Matsuura considerou também o HIV/Aids um “fardo complicado” para os sistemas de educação no continente africano.

“Contudo, é através de uma atitude e do conhecimento educacional que se pode restringir esta pandemia”, afirmou o diretor-geral da Unesco, apelando aos líderes políticos a não se esquecerem das suas responsabilidades perante as crianças vulneráveis.

“Uma educação básica de qualidade para todos deve estar no topo das nossas prioridades apesar das carências de cada país. Digo isso não porque a educação seja o direito humano fundamental, mas por ser vital para alcançar outros objetivos de desenvolvimento”, acrescentou.

Nos últimos dias, diversos países, principalmente os mais pobres, têm sido afetados pela escalada da crise alimentar e os preços dos bens alimentares praticamente duplicaram, provocando tumultos e manifestações em vários Estados, incluindo africanos.

O desenvolvimento dos bio-combustíveis, as barreiras comerciais, uma procura crescente com origem na Ásia devido a modificações dos hábitos alimentares, colheitas fracas e o aumento do custo do petróleo são apontados como algumas razões da crise alimentar mundial.

As Nações Unidas criaram uma célula de crise composta por 27 agências e organismos da ONU, para delinear um plano contra a crise provocada pelo aumento do preço de produtos alimentares.

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) também disponibilizou US$ 1 bilhão para enfrentar o problema, sobretudo nos países africanos.

O BAD, que tem programada a próxima assembléia-geral para 12 a 14 de maio, em Maputo, estima que o déficit de alimentos poderá elevar-se a 35,8 milhões de toneladas e que Burkina Faso, Libéria, República Centro Africana, República Democrática do Congo e até o Egito deverão ser os países mais afetados.

O governo de Moçambique anunciou segunda-feira a construção de depósitos, com capacidade de 300 mil toneladas, em zonas de elevado potencial de produção agrícola para garantir a criação de reservas e assim fazer face à crise de alimentos.