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Bida, acusado de ser mandante do assassinato de Dorothy Stang, é absolvido

BELÉM e RIO – O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, que tinha sido condenado como mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang , foi absolvido na noite desta terça-feira em seu segundo julgamento. Por cinco votos a dois, o júri entendeu que o fazendeiro não encomendou a morte da religiosa americana. No primeiro julgamento, Bida havia sido sentenciado a 30 anos de reclusão. O juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, da 2ª Vara de Júri de Belém, mandou colocar o fazendeiro em liberdade. Ele deve ser liberado nas próximas horas. A promotoria avisou que vai recorrer da decisão. Do O Globo Online,06/05/2008 às 20h23m.

Já o agricultor Rayfran das Neves Sales teve aumento de um ano na pena e foi condenado a 28 anos de prisão. A advogada Marilda Cantal, que fez a defesa de Rayfran, afirmou que vai apelar da sentença e pediu que o recurso da defesa constasse nas atas do julgamento. O crime ocorreu em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, no Pará.

A reviravolta na sentença causou um início de confusão na platéia. O juiz interrompeu as declarações finais por duas vezes para pedir silêncio.

– Aqui não senta réu já condenado. Esse tribunal é livre e possui autonomia. Quem estiver descontente que recorra à esfera maior – afirmou Eduardo Imbiriba, advogado de defesa.

No primeiro dia do julgamento, Rayfran mudou sua versão para o crime. O agricultor disse que a arma usada para matar a religiosa não pertencia a Bida, como havia confessado no julgamento anterior. Para a promotoria, foi uma tentativa desesperada de livrar de culpa o fazendeiro.
Pecuarista aguarda recursos em liberdade

O primeiro júri de Bida, também presidido pelo juiz Raimundo Flexa, foi realizado em 14 de maio do ano passado. Já o primeiro julgamento de Rayfran aconteceu em dezembro de 2005. Ele apelou por novo júri e retornou ao banco dos réus em 22 de outubro de 2007, tendo a condenação confirmada. O advogado de Rayfran, César Ramos, recorreu, apontando problemas técnicos, e conseguiu a anulação do segundo júri.

Amair Feijoli da Cunha, o “Tato”, foi condenado a 27 anos de prisão como intermediário do crime, mas, através da delação premiada, obteve a redução de um terço da sentença,

Regivaldo Pereira Galvão, o pecuarista acusado de, em conjunto com Bida, ter planejado e mandado matar a missionária mediante promessa de recompensa, também foi pronunciado para ser submetido a júri. Ele está recorrendo da sentença de pronúncia em instância superior. À exceção de Regivaldo, que aguarda em liberdade a apreciação dos recursos, todos os demais réus estão recolhidos em penitenciária do estado.

Pouco mais de três anos depois de terem participado do assassinato da missionária, os agricultores Clodoaldo Carlos Batista e Amair Feijoli da Cunha – condenados, respectivamente, a 17 e 18 anos de prisão – já cumprem pena em regime semi-aberto. Os dois foram beneficiados pelo bom comportamento e pela progressão do regime de encarceramento. Hoje trabalham como lavradores na colônia agrícola Heleno Fragoso, em Santa Isabel, interior do estado. Os advogados de defesa dos condenados solicitaram a saída dos dois nos feriados da Semana Santa, mas o pedido foi indeferido. Vão tentar uma nova folga para os clientes no Dia das Mães. O pedido será analisado pelo juizado de execuções penais do Pará.