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Um em cada cinco pobres chega ao ensino médio

Unesco mostra que desigualdade econômica pesa mais no acesso ao ensino do que diferenças raciais

BRASÍLIA. As desigualdades econômicas pesam mais no acesso à educação do que as disparidades regionais e raciais. É o que mostra estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que comparou dados de escolarização no Brasil. A maior diferença ocorre com jovens de 15 a 17 anos matriculados no ciclo médio. Entre os 20% mais ricos, 77,2% cursavam o ensino médio. Na faixa dos 20% mais pobres, só 24,5%, distância de 52 pontos percentuais. Por Demétrio Weber, do O Globo, 02/05/2008.

Os dados originais são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, do IBGE. Eles foram incluídos no Relatório de Monitoramento de Educação para Todos, divulgado anteontem pela Unesco.

A escolarização nas diferentes regiões do país apresenta desníveis, mas em escala menor.

No Sudeste, 57,7% dos jovens de 15 a 17 anos estavam no ensino médio — maior média regional —, contra 33% no Nordeste, a mais baixa: uma distância de 24 pontos percentuais. Na comparação entre áreas urbanas metropolitanas e rurais, a diferença ficava em 28 pontos e, entre brancos e negros, em 20.

A média brasileira é de 46,9% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio. Isso não significa que a maioria esteja fora da escola: boa parte estuda no ensino fundamental, como resultado das altas taxas de repetência e evasão. Se consideradas todas as matrículas de jovens de 15 a 17 anos, independentemente do nível de ensino, 82% dos brasileiros nessa faixa estavam na escola.

O índice é bem mais baixo do que os 97% observados na faixa de 7 a 14 anos, única em que o Brasil atingiu a universalização.
— Nosso desafio é fazer com que as médias nacionais se elevem — disse o ministro da Educação, Fernando Haddad.

No ensino superior, a diferença entre ricos e pobres é menor: 39 pontos percentuais. Mas o impacto é mais alarmante. No topo da pirâmide social, 40,4% dos jovens de 18 a 24 anos freqüentavam a faculdade, contra 0,8% dos mais pobres. Embora o acesso à escola tenha aumentado em todos os segmentos, as disparidades cresceram. Em 1999, 48 pontos percentuais separavam os mais pobres dos mais ricos em termos de acesso ao ensino médio na idade correta — 12,1% e 60,5%, respectivamente.

Em 2006, já eram 52 pontos, apesar de o índice de freqüência dos mais pobres ter dobrado.

No ensino superior a distância entre o topo e a base da pirâmide era de 23 pontos em 1999 — 0,4% a 24,1%. Aumentou para 39 pontos em 2006.

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