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Produtor que recuperar floresta terá crédito. Governo lançará novas ações para tentar conter o desmatamento, que cresceu no trimestre

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia nos próximos dias um novo pacote de medidas para a Amazônia com o objetivo de ajudar a preservar a floresta. Uma das principais será o crédito para produtores rurais que estejam dispostos a recuperar áreas desmatadas no passado, zerando o passivo ambiental. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário vão prestar, ainda, assistência técnica aos fazendeiros que quiserem modernizar e melhorar a sua produção agrícola. Por Eduardo Nunomura, do O Estado de S.Paulo, 01/05/2008.

A criação desse crédito diferenciado, uma espécie de Bolsa-Motosserra, atende a reivindicações de ambientalistas. De nada adianta sufocar a atividade madeireira predatória sem oferecer alternativas econômicas que tornem rentável a floresta em pé. “Vamos fechar a porta da ilegalidade por meio de uma fiscalização muito intensa, e ajudar quem quer transitar na legalidade”, afirmou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco.

Produtores rurais terão acesso ainda a projetos maturados e testados pela Embrapa de integração lavoura-pecuária-silvicultura, que permitem recuperar solos degradados, abundantes na região, e aumentar a produtividade no médio prazo. Em 2006, o governo já havia criado o Plano Amazônia Sustentável, um conjunto de boas intenções, um diagnóstico quase unânime das ações que deveriam ser adotadas na região. Agora, o Programa Amazônia Sustentável, que será anunciado por Lula, prevê ações concretas.

“Aparentemente, o governo está na direção certa, mas precisamos conhecer as metas, quanto os produtores terão de recursos e qual o orçamento para o programa”, afirma o pesquisador Adalberto Veríssimo, do Imazon. Segundo Capobianco, muitas empresas sérias deixaram de investir na Amazônia com receio da instabilidade econômica e jurídica, traduzida em grilagem e invasões de terra. Com isso, o manejo florestal, uma exploração racional e sustentável dos produtos amazônicos, não deslanchou como deveria. Predominava, quase sempre, o desmatamento ilegal.

O secretário diz que a crise mundial de alimentos não deve pressionar por mais devastação na Amazônia. “Temos mais de duas centenas de milhões de hectares de pastagem, a maior parte de baixa produtividade, abandonadas ou subutilizadas”, diz.

Capobianco reconhece que houve um aumento do desmatamento no primeiro trimestre, como apontou estudo do Imazon divulgado ontem pelo Estado. Atribuiu à pressão nos preços das commodities e ao período de estiagem prolongado na região. Mas lembrou que a intensificação da fiscalização contra madeireiros, como a Operação Arco de Fogo em fevereiro (37 mil m³ de madeira ilegal apreendidos), começa a apresentar resultados. E a restrição de crédito para os desmatadores surtirá efeito a partir de julho, quando entra em vigor.

Segundo o Ibama, haverá aumento de 60 para 290 homens do órgão envolvidos na fiscalização na Amazônia. E, com o fim do período de chuvas, o foco das ações será o corte na floresta, não só madeireiras.