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Falta de ensino fundamental compromete a qualificação do trabalhador, aponta diagnóstico

Cerca de 42% da população ativa de 15 a 64 anos do estado de São Paulo não completou o ensino fundamental. A constatação faz parte do Diagnóstico para o Programa Estadual de Qualificação Profissional, divulgado, no dia 19/03, pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), na capital paulista. Matéria de Flávia Albuquerque, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 21/03/2008.

De acordo com a pesquisa encomendada pela Sert para a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), esse é o ponto crítico e determinante do aumento do desemprego no estado, já que impede a qualificação profissional.

Segundo o secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, a falta de ensino fundamental é sinônimo de desemprego. “Hoje os jovens estão melhor embasados do que os mais velhos. Então, o desemprego é dos mais velhos em funções muito simples porque hoje o que se pede é mão-de-obra qualificada para as mais diversas profissões. A grande dificuldade da qualificação é que eles não sabem escrever, ler e contar direito. Para qualquer profissão, a pessoa precisa saber fazer essas três coisas.”

Segundo a pesquisa, em 2007, em todas as regiões do estado, a construção civil foi o setor que mais demandou mão-de-obra, com crescimento de 18,3% no número de vagas. Em seguida vem comércio com 7,1%, indústria com 6,1% e serviços com 4,9%. A agropecuária cresceu 0,6% na criação de novas vagas.

As ocupações com maior expansão entre os homens foram as de servente de obras, alimentador de linha de produção e faxineiro. As ocupações com pior desempenho foram: trabalhador da cultura da cana-de-açúcar, supervisor administrativo, trabalhador agropecuário e vigia. Entre as mulheres, as ocupações que mais criaram vagas foram alimentador de linha de produção, operador de telemarketing e atendente de lanchonete. Supervisor administrativo e inspetor de alunos de escola pública tiveram desempenho negativo.

O estudo mostrou ainda que há demanda por 159 mil vagas de cursos de qualificação, de acordo com dados obtidos em 89 oficinas de trabalho feitas em cidades com mais de 100 mil habitantes. Em 43 das 89 oficinas foi registrada a necessidade de oferecer cursos de qualificação ou requalificação para pedreiros. Entre as funções com mais necessidade de qualificação estão também recepcionista, vendedor do comércio varejista, garçom e soldador, entre outras.

O secretário de Emprego e Relações do Trabalho reforçou que por conta do resultado da pesquisa, o estado irá oferecer cursos que deverão estar voltados para qualificação profissional com reforço no ensino fundamental. “De 200 horas pelo menos 120 horas de ensino básico para diminuir esse desemprego que vai se tornar endêmico por falta de qualificação”, disse Afif Domingos.

A idéia é trabalhar com as instituições que já existem como o Centro Paula Souza, de ensino profissionalizante no estado, o Sistema S e o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow Da Fonseca (Cefet). “Eles têm infra-estrutura instalada e o corpo técnico preparado para absorver as necessidades.”

O governador em exercício, Alberto Goldman, ressaltou que a administração estadual vai começar a preparar professores para requalificar as pessoas que não têm oportunidade para se incorporar no mercado de trabalho.

“Percebemos que há fontes de recursos de várias ordens, públicas e privadas, atuando na área de formação profissional. Nós precisamos começar a pensar em como vamos construir um sistema mais articulado para que não se perca tantos recursos como parece quem vem acontecendo”.