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Notícia

Água dos EUA está contaminada com remédios

País não exige testes dos fornecedores para esse tipo de substância e não há limites seguros estabelecidos. Uma grande variedade de produtos farmacêuticos – entre eles antibióticos, anticonvulsivos, estabilizadores de humor e hormônios – foi encontrada no abastecimento de água potável de pelo menos 41 milhões de americanos, revelou uma investigação da Associated Press. Matéria da Agência AP, publicada pelo O Estado de S.Paulo, Terça-Feira, 11 de Março de 2008.

As concentrações desses produtos são muito reduzidas, bem abaixo de doses médicas, e fornecedores insistem em que a água é segura. Mas a presença de tantas drogas numa parte tão grande da água potável dos EUA aumenta os temores dos cientistas sobre as conseqüências para a saúde a longo prazo.

Em cinco meses de investigação, a AP descobriu que drogas foram detectadas nos suprimentos de água potável de 24 grandes áreas metropolitanas – do sul da Califórnia ao norte de Nova Jersey, de Detroit a Louisville, Kentucky.

Os fornecedores raramente divulgam resultados de testes para a detecção de produtos farmacêuticos, a menos que sejam pressionados. Por exemplo, o diretor de um grupo que representa grandes fornecedores da Califórnia afirmou que o público “não sabe como interpretar as informações” e pode ficar alarmado sem necessidade.

Os medicamentos não são totalmente absorvidos pelo corpo e parte deles vai para a água do esgoto, que volta aos consumidores depois de passar por tratamento – que não remove todos os resíduos das drogas.

Funcionários da indústria farmacêutica afirmam que a contaminação da água potável não é problema. Numa conferência em meados do ano passado, contudo, Mary Buzby, diretora de tecnologia ambiental da companhia farmacêutica Merck, afirmou: “Produtos farmacêuticos estão sendo detectados no ambiente e há temores genuínos de que esses compostos, nas pequenas concentrações em que se encontram, podem ter impactos sobre a saúde humana.”

O governo americano não exige teste em laboratório e não impõe limites seguros à presença de produtos farmacêuticos na água. Dos 62 grandes fornecedores consultados pela AP, apenas 28 trabalhavam com água potável submetida a testes laboratoriais para detectar esse tipo de substância.

Pesquisas em laboratório mostraram que pequenas quantidades de medicamentos afetaram células embrionárias de rins humanos, células sanguíneas humanas e células de câncer de mama humano. As células cancerosas proliferaram rápido demais; as renais cresceram muito devagar e as sanguíneas mostraram atividade biológica associada à inflamação.

Outros estudos mostram impactos na natureza. Por exemplo, peixes machos estão criando proteínas de gema de ovo, um processo normalmente restrito às fêmeas. Os produtos farmacêuticos também afetam espécies sentinelas na base da pirâmide da vida – como minhocas na natureza e zooplâncton em laboratório.