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Notícia

dia 6 de março: Mulheres sem Terra na luta contra as monoculturas predatórias

No próximo dia 6 de março aproximadamente mil mulheres trabalhadoras rurais estarão comemorando o DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS DA MULHER num ato publico, realizado no município de Itaperuna – Noroeste fluminense, divisa com Minas Gerais. O protesto denunciará os impactos provocados pelas monoculturas predatórias, como de eucalipto, soja e cana-de-açucar que vêm provocando em todo o país a expulsão de milhares de agricultores do campo, uso abusivo de agrotóxicos (venenos químicos), acidentes de trabalho e mutilações, aumento da concentração fundiária e ocupação de terras agrícolas destinadas à produção de alimentos e à reforma agrária. O ato está sendo organizado pela FETAG-RIO e conta com o apoio da REDE ALERTA CONTRA O DESERTO VERDE FLUMINENSE.

Itaperuna é um dos municípios com um dos menores IDH-Índice de Desenvolvimento Humano do estado, as terras da região encontram-se em processo de desertificação e com baixíssima produtividade devido aos impactos dos ciclos anteriores de monoculturas: café, cana e pecuária extensiva. As mulheres camponesas e ecologistas denunciam a política do governo estadual que pretende transformar o Norte e Noroeste fluminense num deserto verde com a implantação da poluidora multinacional Aracruz Celulose na região (leia mais informações abaixo). A empresa conta com apoio do governo do estado para pedido de financiamento de R$ 1 bilhão de reais para expandir os monocultivos de eucalipto nos estado do RJ, ES, BA, SP, MG, RS e PA, entre outros.

Os manifestantes denunciarão ainda o verdadeiro desmonte que o governo do estado está promovendo nos órgãos de assistência técnica rural, como a EMATER-RJ, onde desde o ano passado foram demitidos mais de 200 técnicos que atendiam agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Diversos escritórios técnicos da EMATER-RJ localizados no interior do estado foram fechados e há mais de 15 anos não ocorre concurso público no órgão que apresenta baixíssimos salários. Enquanto isso, o atual presidente da empresa recebe salário de marajá: R$ 40 mil mês! LEIA MAIS ABAIXO.

Os protestos do Dia Internacional da Mulher vão paralisar estradas e o escritório da Aracruz na cidade. Há denúncias de que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, através do IEF-Instituto Estadual de Florestas, vêm dando centenas de autorizações mensalmente para o plantio de eucaliptos em larga escala, sem os obrigatórios EIA-RIMA (Estudos de Impacto Ambiental) exigidos pelas leis ambientais do país.

Já no dia 26 de março haverá grande Ato Público na sede do BNDES, Av. Chile, S/No. – Centro do Rio de Janeiro, as 10h da manhã, pela mudança do modelo econômico que favorece a expansão das monoculturas e por mais investimento público na reforma agrária e agricultura familiar que são as principais produtoras de alimentos consumidos nos centros urbanos.

Ambientalistas, sem terra, quilombolas e indígenas tupi-guarani vindos do estado do ES denunciarão os impactos sócio-ambientais provocados pelas monoculturas, o latifúndio e agronegócio. Ano passado, a Aracruz foi condenada pela Justiça Federal a devolver 11 mil hectares griladas há quase 40 anos de populações indígenas, quilombolas e camponeses.

Também no dia 26/3 a CONTAG e Rede Alerta – RJ estarão dando entrada numa ADIN-Ação de Inconstitucionalidade junto ao STF-Supremo Tribunal Federal contra a lei ilegal aprovada às pressas, ano passado, pela ALERJ de autoria do governo do estado que ilegalmente permitiu a implantação de monocultivos de larga escala no estado do RJ. Atual Secretário estadual de meio ambiente se transformou no “garoto propaganda” e principal lobista da multinacional da poluição Aracruz. A lei apresenta diversas irregularidades, fere o Direto à Precaução reconhecido internacional e dispensa a elaboração de EIA-RIMA (o que é ilegal) de plantios de eucalipto em larga escala.

Ecologistas e trabalhadores rurais exigem maior investimento público em projetos de agro-ecologia, diversificação da produção agrícola, prioridade para a produção de alimentos saudáveis (sem agrotóxicos), recuperação das áreas degradadas e implantação de agro-industrias de pequeno e médio porte, além de investimentos em transporte e escoamento da produção para as cidades, instalação de feiras agro-ecológicas nos municípios, entre outras medidas que promovam o desenvolvimento rural sustentável.

Maiores informações:

Célia Muniz – FETAG/RJ – tel. 2626-3731, 8199-2881
Sérgio Ricardo – Rede Alerta – tel. (21) 3366-1898, 9734-8088