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Cerca de 70 movimentos lutam pela terra no Brasil hoje, diz professor

São Paulo – Quando se fala em ocupação de terra no Brasil, o primeiro nome associado, geralmente, é o do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. No entanto, existem hoje no país 68 movimentos de sem-terra, catalogados no banco de dados do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (NERA), coordenado pelo geógrafo e professor Bernardo Mançano Fernandes, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente. Por Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil.

“Temos hoje quase sete dezenas de movimentos que lutam pela terra no Brasil”, disse o professor, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, a maior parte desses movimentos surgiu de forma original, mas há aqueles que surgiram de dissidências de dois antigos movimentos de camponeses: a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), fundada em 1963, e o MST, surgido por volta de 1978, e realizou seu primeiro Congresso em 1984.

“Em 1995 começaram a surgir dezenas de movimentos sem-terra no Brasil afora, muitos deles dissidências do MST, outros dissidências da Contag e, outros ainda, dissidências de dissidências. Mas a maior parte deles nasceu de forma original e não de dissidências”, explicou.

Na opinião de Fernandes, ter no nome a expressão “sem terra” talvez seja uma das explicações para a confusão da mídia nacional ao atribuir qualquer ocupação ao MST. O fato é que há outros grupos ocupando terras no Brasil e que não são, necessariamente, ligados ao MST. “Fizemos uma sistematização do número de ocupações dos últimos 20 anos e o MST ocupa 50% das ocupações no Brasil. Então, o MST aparece na mídia porque ele é o mais atuante”.

Para o MST, a “existência de diversas entidades” é natural e elas surgem por causa da pobreza e da desigualdade no campo. “A maioria dessas organizações, diferente do que se supõe, não são dissidências do MST, mas entidades que optaram por diferentes formas de organização interna, princípios e formas de luta”, informou o MST à Agência Brasil.

“A dissidência ocorre principalmente por causa dos princípios. Os movimentos sindicais e camponeses têm princípios, diretriz política. Muitas vezes, os próprios militantes que estão dentro do movimento discordam dessas diretrizes e criam outros movimentos. Em outras vezes, esses movimentos são originais: são grupos de famílias que inauguram a experiência de ocupação e constroem um movimento que depois se duplica, se triplica, por causa da própria demanda que existe pela reforma agrária”, disse o professor.

Segundo Fernandes, essas dissidências são resultado do “aumento da demanda da luta pela terra” e não da diminuição ou enfraquecimento, por exemplo, dos dois mais antigos movimentos sem-terra do Brasil. Essas dissidências, de acordo com ele, também são indicativos de democracia. “As lideranças que faziam parte do MST e que deixaram de fazer parte das instâncias políticas ou da estrutura política do movimento e que foram criar outros movimentos, ampliaram a luta. O movimento sem-terra não diminuiu”.

Só reforma agrária não resolve problema dos sem-terra no Brasil

A reforma agrária não vai resolver o problema dos sem-terra no Brasil. Segundo o geógrafo e professor Bernardo Mançano Fernandes também será necessária uma política voltada à agricultura para acabar com esse problema no país.

“O número de famílias sem terra e de pessoas que estão lutando pela terra não está diminuindo”, disse o professor em entrevista à Agência Brasil.

Para ele, essa é uma questão importante “porque muita gente pensa que, se fizermos a reforma agrária, vamos resolver o problema dos sem-terra. Na verdade, para resolver o problema dos sem-terra devemos fazer a reforma agrária com uma política de desenvolvimento da agricultura que não expulse mais ninguém da terra”.

Segundo Fernandes, a luta pela terra é uma “demanda crescente”. “Basicamente hoje, para cada pessoa que entra na terra via projetos de reforma agrária, duas estão saindo. E essas pessoas vão lutar pela terra amanhã novamente porque elas não vão encontrar emprego na cidade”, afirmou.

One thought on “Cerca de 70 movimentos lutam pela terra no Brasil hoje, diz professor

  • Patrícia R. Antunes

    Oie..
    Eu vim aki dizer ki naum gostei desse site, pq é uma entrevista, ki fala o ki algumas pessoas axam!! Tipow naum fala a coisa certa, ki esta realmente confirmado, fala o ki umas pessoinhas axam, fala uma opinião e sem a verdadeira confirmação… Beyn naum to conseguindo explicar, mas axu ki entenderam!!

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