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AIEA registrou 150 casos de tráfico ilegal de componentes nucleares em 2007

Munique, 9 fev (EFE).- O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohammed ElBaradei, afirmou neste sábado que em 2007 foram detectados 150 casos de tráfico ilegal de substâncias ou componentes nucleares. “É um número muito alto, eu diria até que terrível”, disse ElBaradei, que participa da Conferência sobre Segurança de Munique, reunião anual à qual comparecem especialistas, ministros e presidentes para debater os grandes assuntos de segurança e de política internacional. Matéria da Agência EFE, publicada pelo UOL Notícias, 09/02/2008 – 15h55

ElBaradei explicou que o maior risco da corrida nuclear detectado no mundo é o tráfico ilícito de componentes atômicos: “Particularmente, é o que mais me preocupa”, disse.

Ele informou que todos os componentes confiscados eram de baixa qualidade e quantidades insuficientes para produzir armas, o que não significa que “não estamos diante de um fenômeno perigoso a ser considerado”, destacou.

ElBaradei não conseguiu dizer se há Governos, indivíduos e organizações por trás dos 150 casos detectados, mas afirmou que “há um interesse crescente por esses componentes”.

“É preciso reforçar o controle dessas substâncias e não apenas isso. Deveríamos reduzir a capacidade de enriquecimento e de reprocessamento de urânio visando um verdadeiro desarmamento dessas armas e de todas as armas de destruição em massa”, defendeu.

O ministro de Assuntos Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, advertiu sobre uma nova corrida nuclear e, embora tenha considerado legítimo o uso civil da energia atômica, defendeu um controle mais radical e transparente da mesma.

Steinmeier reiterou sua proposta de criar um centro internacional de enriquecimento de urânio sob o controle exclusivo da AIEA.

O centro proporcionaria ao Irã o acesso que o país deseja à energia nuclear e daria à comunidade internacional a segurança de que o urânio enriquecido não é utilizado pelo Irã para obter plutônio em quantidades suficientes para fabricar armamento atômico.

Nota do EcoDebate

A energia nuclear, desde a sua estrondosa “estréia” em Hiroshima e Nagasaki, sempre esteve associada à aplicação militar de seus resíduos e subprodutos. Daí ao tráfico ilegal é um passo.

A sua aplicação para fins pacíficos é desejavel, mas não é garantida, nem que seja pelo fato de que, a maior parte do programas nucleares, sempre é acompanhada por uma área “cinza” dos programas secretos diretamente ligados aos militares. É algo a mais para ser refletido pelos defensores da segurança da energia nuclear.

Henrique Cortez,
coordenador do Ecodebate