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agropecuária: Produção pode dobrar sem desmate na Amazônia

Sorocaba, SP, 6 (AE) – A produção agropecuária atual dos Estados incluídos na Amazônia Legal pode dobrar sem a necessidade de derrubar mais árvores, segundo o engenheiro agrônomo Rodolfo Warto Cyrineu, especialista em recuperação de lavouras e pastos degradados. Basta manejar com mais eficiência as áreas já desmatadas e investir na melhoria do solo. Por José Maria Tomazela, Agência Estado, 06/02/08 às 19:09

Ele observou que as terras desmatadas no norte do Mato Grosso, sul do Pará e em grande parte do Estado de Rondônia estão mal utilizadas. “Os pastos estão degradados, por isso comportam uma densidade muito baixa de gado.” A região não atinge, segundo ele, nem a média brasileira, que é de 0,7 bovino por hectare. No entanto, se o pasto for tratado com técnicas apropriadas, que incluem a adubação, a lotação sobe para 1,5 animal por hectare. “O rebanho dobra na mesma área.”

O investimento, segundo ele, vai de R$ 500 a R$ 700 por hectare, menos do que se gasta na abertura de áreas novas. “O impacto ambiental positivo é grande, pois reduz a erosão, responsável pelo assoreamento dos rios amazônicos, e evita o desmatamento.” A integração da agricultura com a pecuária, segundo ele, possibilita também a ampliação das áreas de cultivo e um incremento no ganho do produtor. As áreas de pastagem podem ser reformadas com o cultivo da soja. Para fazer a rotação dessa cultura, pode-se utilizar o milheto, que serve de proteção para o solo e de alimento para o gado. “O pecuarista faz a recuperação de metade da área, coloca todo o gado nessa gleba e planta soja na outra metade.”

Após a colheita do grão, o pasto volta renovado e mais produtivo, pois aproveita o adubo da lavoura. A Suporte Rural, empresa de Cyrineu em Itapetininga, interior de São Paulo, aplicou as técnicas em propriedades do sul do Pará com resultados satisfatórios. Apesar de já ser difundido, esse manejo é pouco utilizado na região, por causa da abundância de terras. “Com a questão ambiental na ordem do dia, compensa investir na produtividade da terra já aberta e deixar a floresta em paz.”