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Cortejo mostra a união da cultura e lutas dos povos da Amazônia no Dia de Mobilização e Ação Global do Fórum Social Mundial em Belém

No dia 26 de Janeiro mais de cinco mil pessoas sairão pelas ruas do centro histórico de Belém no cortejo político-cultural que marca o Dia de Mobilização e Ação Global do Fórum Social Mundial. Será a largada de preparação da cidade para receber em janeiro de 2009 o maior evento planetário de construção de um outro mundo. Por Kélem Cabral, para o EcoDebate.

Indígenas, quilombolas, grupos culturais, parafolclóricos e afro-religiosos de várias cidades do Pará e centenas de pessoas da região metropolitana marcharão do Complexo Feliz Lusitânia, na Cidade Velha, até a praça da República para afirmar que um outro mundo é possível e necessário. Na praça da República, o cortejo termina com um grande show no palco montado em frente ao Teatro da Paz, que contará com a presença de Nilson Chaves e dezenas de outros grupos que mostram a diversidade da cultura dos povos da floresta, reafirmando que cultura também é uma forma de resistência.

O cortejo começa às 9 horas, com a chegada de um barco no pier das 11 janelas com dezenas de afro-religiosos, para a cerimônia de oferenda às águas, esse elemento que é um dos símbolos da Amazônia, região sede do Fórum Social Mundial em janeiro de 2009, segundo adiantou Célia Maracajá, uma das organizadoras do cortejo. Tambores quilombolas, unidos aos batuques da capoeira e do carimbó darão continuidade à celebração. Flechas em chamas lançadas por lideranças indígenas sobre a baía do Guajará, darão a largada oficial do cortejo que terá seis atos, nos quais, performances simbolizarão as lutas mundiais com os temas Globalização Neoliberal; Guerra e Paz; Patriarcado e a Luta das Mulheres; Racismo- um dos pilares da exclusão; Colonialismo Ontem e Hoje; e Desastres Ambientais. Nos intervalos entre os atos, a marcha será conduzida pela diversidade de cores, sons e sotaques da cultura da floresta, com os Cabeçudos e Mascarados de São Caetano de Odivelas; a tradicional banda João Viana de Cachoeira do Arari; Afoxés; as toadas de Cotijuba, bandas de rock, samba do cacete, Marabaixo de Amapá, cordões de bois e pássaros, além de 200 indígenas das tribos Tembé e Mundurucu.

No Ver-O-Peso, o cortejo será recebido e saudado pelas erveiras. Vestidas a caráter, com saias rodadas e blusas de renda, as cerca de 100 vendedoras de ervas do Ver-O-Peso aguardarão a passagem do cortejo com baldes de banho de cheiro. A água perfumada, feita a partir de uma mistura de mais de dez diferentes tipos de ervas tradicionais da Amazônia, será ofertada e jogada sobre a multidão. “O banho de cheiro é uma tradição do povo paraense e é usado para atrair coisas boas, energia positiva. E é essa energia, cheia de desejos de paz e de justiça que as erveiras e todo o Ver-O-Peso querem passar como uma espécie de abraço de boas vindas a todos homens e mulheres que fazem o Fórum Social Mundial”, declarou Deusa Cheirosa, umas das tradicionais vendedoras de ervas da feira.

Um sopro de esperança engrossará a marcha quando o cortejo chegar à avenida Presidente Vargas. As centenas de crianças que fazem parte da escola de samba da fundação Curro Velho, as “Crias do Curro Velho”, recebem o cortejo e se integram à festa multicultural até o palco instalado em frente ao Teatro da Paz.

“Será um presente a Belém e ao mesmo tempo uma demonstração para o mundo da capacidade da capital paraense e da vontade dos povos da floresta em receber, em janeiro de 2009, o Fórum Social Mundial”, declarou Aldalice Otterloo, membro do grupo de entidades da sociedade civil que prepara o FSM.