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Poluição causada por motos diminui, mas ainda é sete vezes maior que a dos carros

Automóveis podem transportar mais pessoas que uma motocicleta e poluem muito menos. Atualmente, as emissões de gases das motocicletas novas são sete vezes maiores do que as emitidas pelos carros zero quilômetro. Por Petterson Rodrigues e Paulo Montoia, repórteres da Agência Brasil.

Este poderia ser um argumento daqueles que são contrários à criação de faixas exclusivas para motocicletas, iniciativa que está sendo tentada pela Prefeitura de São Paulo. Mas a partir de 2009 a afirmação deixará de ser verdadeira: as emissões de poluentes pelas motocicletas estão sendo reduzidas anualmente desde 2003 e serão praticamente iguais às dos veículos leves de quatro rodas.

Em 2000, uma motocicleta nova emitia quantidade mais de 16 vezes maior de monóxido de carbono (CO): 12 gramas por quilômetro rodado para 0,73 grama por quilômetro de um automóvel. Em 2006, esse índice baixou para 2,3 em motos contra 0,33 dos carros. Os dados referem-se a motos com motores de 150 cilindradas ou menos e são da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). A empresa possui o único laboratório do país para balizar as políticas federais do setor.

O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Moacir Alberto Paes, e o gerente da divisão de engenharia e fiscalização de veículos da Cetesb, Homero Carvalho, afirmam que a indústria de motocicletas conseguirá cumprir o que determina o Programa Federal de Controle das Emissões das Motocicletas e Similares (Promot). Criado em 2003, este programa estabeleceu um cronograma de redução gradativa da emissão de gases pelas motocicletas até 2009.

O diretor-executivo da Abraciclo considera incorreto dizer que as motocicletas poluem mais do que os automóveis, porque o controle da poluição das duas modalidades tem históricos diferentes e o das motos é mais recente: “O controle de poluição em automotores começou em 1986. E o das motocicletas, em 2003. A poluição em 2009 praticamente estará no mesmo nível para os dois tipos de veículo. A indústria de automóveis teve 20 anos para fazer suas alterações e a de motos, quatro.”

Homero Carvalho lembrou que “a moto nova ainda emite sete vezes mais monóxido de carbono do que o veículo novo, mas esse número já foi pior, 20, 30 vezes [a mais]”. E que o controle das emissões veiculares começou em 1987, com os de quatro rodas, “porque era a frota dominante, mas no início dos anos 2000 já era notável a presença das motocicletas nas nossas ruas”.

Além do monóxido de carbono, as tabelas do Promot e da Cetesb registram valores para a emissão de hidrocarbonetos (HC) e óxido de nitrogênio (NOx) – em ambas, os valores emitidos pelas motocicletas novas ainda são mais elevados do que os dos automóveis.

De acordo com o diretor da Abraciclo, há uma diferença na legislação de automóveis e de motocicletas: “A legislação brasileira de motocicletas é a mais rígida do mundo, comparada à européia. A de carros é comparável à americana.”

Carvalho informou que neste ano a Cetesb e a Abraciclo se reunirão para definir as etapas do Promot a serem implementadas a partir de 2009.