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Notícia

Níveis altos de CO2 tornam alimentos menos nutritivos

Aumento do nível do mar, espécies animais e vegetais em processo de extinção, ilhas sob ameaça de desaparecer, ondas de calor. Todos estes efeitos do aquecimento global já são bem divulgados e conhecidos, mas agora um problema inusitado acaba de entrar para a lista de consequências da concentração alta de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera – os alimentos estão ficando menos nutritivos. Aquela batata cozida do almoço não oferece os mesmos nutrientes que tinha no século passado. E a tendência é piorar, conforme os níveis do gás crescem. Matéria do Jornal do Brasil, 23/01/2008.

A constatação é de Max Taub, da Southwestern University, no Texas, que analisou mais de 200 experiências sobre o assunto, conduzidas por outros pesquisadores. Os estudos observavam as consequências de níveis maiores de gases do efeito estufa na quantidade de proteína em arroz, cevada, trigo, soja e batatas, fontes essenciais, sobretudo em países pobres, onde os alimentos ocupam lugar de destaque na dieta.

Redução protéica

As análises de Taub, detalhadas na edição de março da revista Global Change Biology, revelaram que quando cultivadas em níveis altos de CO2, as batatas apresentaram uma diminuição de quase 14% na oferta de proteína. As reduções em cevada e em arroz e trigo foram de 15% e 10%, respectivamente. A soja teve a menor diminuição – 1,5%.

– Na fotossíntese, as plantas assimilam CO2 da atmosfera para construir os componentes orgânicos das quais são feitas. A maior concentração do gás aumenta a fonte primária da planta, que cresce mais rápido e sofre vários efeitos fisiológicos, como estes que descrevi – comentou Taub. – Arroz, cevada, trigo e batata correspondem a 40% consumo humano global de proteína. As populações com a ingestão de proteína abalada podem sofrer graves efeitos na saúde, já que este é um nutriente fundamental.

Menos nitrogênio

Segundo o cientista, conforme os níveis de CO2 crescem na atmosfera, a maioria das plantas acumula mais carbono nos seus tecidos, o que pode reduzir as concentrações de outros elementos, como nitrogênio, um componente-chave das proteínas.

– A explicação provável para a soja sofrer menos impacto do que as outras é de que, como é um legume, tem acesso ao nitrogênio fixado pela bactéria que vive nos seus nódulos de raíz – explica.

Taub acrescentou que a queda no nitrogênio pode ser parcialmente superada pelo uso de fertilizantes que contenham o elemento, mas isso pode ter suas próprias consequências negativas para o meio ambiente, sobretudo nas proximidades de fontes de água. Outra opção poderia ser cultivar grãos modificados, com concentração maior de proteína.