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Notícia

efeitos neurológicos do marketing: Vinho mais caro causa mais prazer, indica pesquisa

Um mesmo vinho pode ser muito mais agradável ao paladar quando vendido a R$ 200 do que quando seu preço é R$ 10, segundo indica uma pesquisa recém-publicada pelo California Institute of Technology, nos Estados Unidos. Segundo o estudo, o fator psicológico faz com que o grau de satisfação com o vinho aumente de acordo com o seu preço, tornando-o mais agradável ao paladar. Matéria da BBC Brasil, 14 de janeiro, 2008 – 10h25 GMT (08h25 Brasília)(leiam, também, nota do Ecodebate)

Os pesquisadores deram a 20 pessoas duas doses do mesmo vinho, dizendo a eles que a bebida havia custado algum valor entre US$ 5 e US$ 90. A maioria considerou melhores as doses dos vinhos “mais caros”.

Ressonância magnética

Os pesquisadores usaram uma técnica de ressonância magnética para observar o comportamento do cérebro dos pesquisados ao saborear cada dose de vinho.

Eles observaram as mudanças ocorridas na parte do cérebro conhecida como córtex órbito-frontal médio, que tem um papel importante na sensação de prazer. O estudo mostrou que essa região do cérebro ficava mais ativa durante a degustação dos vinhos “mais caros” do que na ingestão dos “mais baratos”.

Segundo o coordenador do estudo, Antonio Rangel, o resultado da ressonância magnética mostrou que a diferença na percepção de cada dose de vinho era real, não apenas imaginária.

De acordo com Rangel, o estudo pode ajudar em outras pesquisas que analisam os efeitos neurológicos do marketing.

Um importante crítico de vinhos britânico disse ao jornal The Times que a relação do consumidor com o preço da bebida pode ser comparada à reação de alguém em relação a uma roupa cara de uma marca famosa. Segundo ele, porém, os críticos e consumidores freqüentes de vinho não seriam influenciados pelo preço.

Nota do EcoDebateMais uma demonstração do quanto o marketing e a propaganda são eficazes em transformar em geléia o cérebro de muitas pessoas. E isto é especialmente danoso em questões sociais e ambientais, impedindo que o consumidor avalie eticamente o que consome e por que consome.

A propaganda pode ser definida como “Comunicação persuasiva. Conjunto das técnicas e atividades de informação e de persuasão, destinadas a influenciar as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público num determinado sentido”… [Dicionário de Comunicação, Editora Ática, 3ª edição, 1998, Carlos Alberto Rabaça & Gustavo Barbosa].

Ao influenciar opiniões, sentimentos e atitudes a propaganda tem inegável responsabilidade no comportamento do consumidor e, neste sentido, também no incentivo ao consumo insustentável, social e ambientalmente irresponsável. Daí que o consumismo irrefletido (ou inconsciente) esteja tão comum entre os jovens e adolescentes – a compra por impulso condicionado pelo marketing.

De nada adianta que uma empresa faça significativos investimentos em responsabilidade social e ambiental, se, ao mesmo tempo, sua publicidade propõe exatamente o contrário. Uma das duas não é verdadeira – a responsabilidade social ou a publicidade.

Henrique Cortez, coordenador do EcoDebate