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Deu no Bom Dia Brasil – Crianças produzem carvão para siderúrgicas no MA, por Décio Sá

A vergonha do trabalho infantil no Nordeste. O Bom Dia Brasil denuncia o uso de crianças e adolescentes para extração de carvão no interior do Maranhão. Publicado no Blog do jornalista Décio Sá, 09/01/2007

Veja a reportagem de Sidney Pereira aqui

A infância perdida em meio a uma cortina de fumaça. É assim, ao redor das carvoarias, que uma legião de crianças enfrenta a pobreza entre os babaçuais no leste do Maranhão.

“Não é muito bom, mas o jeito é trabalhar, porque tem que comprar comida. Se não trabalhar, é mais difícil para a gente”, diz uma criança.

As crianças colocam em risco a saúde em uma tarefa insalubre para ajudar no sustento da família. A coleta de babaçu sempre foi fonte de renda para as comunidades tradicionais da região. Só que para a extração da mingua, usada na produção de óleo, as famílias estão agora queimando os cocos para atender as encomendas das siderúrgicas.

O preço do carvão pago pelas siderúrgicas é três vezes maior que o conseguido na venda da mingua, negociada com as indústrias de óleo. Essa vantagem está fazendo um número cada vez maior de maranhenses mudar de profissão.

“Quebrando coco você ganha, no máximo, R$ 15 por dia. Com o carvão, é quase R$ 50”, compara a quebradeira de coco Francisca de Almeida.

As carvoarias são montadas no meio do babaçual. A família toda vai para o interior da floresta. É um trabalho que emprega também as crianças. Quem ainda não tem altura para alcançar o forno, ajuda a juntar os cocos embaixo das palmeiras.

“Coloquei meus filhos para trabalhar pela necessidade mesmo. Se pudesse, não faria isso”, diz a quebradeira de coco Maria Helenice da Silva.

Para piorar, o trabalho tira as crianças da escola, porque a safra do babaçu coincide com o fim do ano letivo na região.

“A gente não vai para a escola para ajudar a mãe quebrando coco. Isso acontece muito”, conta um menino.

“Eu fico até com pena, porque eles são crianças e sofrem desde pequeno, perdem aula, passam fome, tudo isso atrapalha quem estuda”, lamenta a quebradeira de coco Maria Oliveira.

O Sindicato das Empresas de Siderurgia do Maranhão afirma que as empresas procuram comprar somente de associações de quebradeiras de coco que não utilizam trabalho infantil. O sindicato alega que, como a atividade é familiar, torna-se difícil controlar o trabalho das crianças nas carvoarias.

http://imirante.globo.com/decio/

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