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Programa Amazônia vai fornecer base para o desenvolvimento sustentável da região, diz coordenadora

A primeira etapa do Programa Amazônia, que vai definir estratégias locais de desenvolvimento sustentável, deve ser concluída hoje (15), após o período de discussão entre representantes do governo e da sociedade civil. A secretária de Coordenação da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, Muriel Sagusse, uma das coordenadoras do programa, disse que ele deve estar em pleno funcionamento em 2008, quando termina o Programa Piloto para as Florestas Tropicais Brasileiras (PPG-7). Em entrevista à Agência Brasil, ela detalhou o plano, que vai abranger os nove estados da região amazônica e atuar em áreas como o desenvolvimento de formas alternativas de energia. Por Alessandra Bastos, da Agência Brasil

Agência Brasil: O que é o Programa Amazônia?
Muriel Sagusse: É a atuação de forma estratégica para alavancar projetos de desenvolvimento sustentável na região a partir da qualificação e capacitação de recursos humanos. O objetivo não é fazer todo o trabalho de desenvolvimento sustentável, mas atuar naquilo que é estratégico para dar uma base ao desenvolvimento sustentável.

ABr: Na prática, como isso vai funcionar? Quais são esses pontos estratégicos?
Sagusse: O Brasil tem um programa de saúde para a Amazônia. Então, o programa não vai fazer atendimento à saúde, mas se for necessário uma ação específica por causa de um surto de malária, isso será possível. O Brasil tem conhecimento técnico e recursos para fazer a gestão de resíduos sólidos, mas isso ainda não foi testado na Amazônia – poucas cidades, aliás, têm isso. O programa vai atuar em projetos nesse sentido. Também vai apoiar a capacitação de técnicos para que eles possam desenvolver projetos para captar recursos. Há casos em que um consultor faz o projeto e o entrega ao prefeito, que capta o recurso, mas não tem ninguém que o implemente. Vamos apoiar a capacitação das prefeituras e alguns projetos demonstrativos para testar métodos diferentes.Em outra questão, a de energia, por exemplo. O custo de puxar mil quilômetros de linha para levar energia a uma comunidade afastada de três mil habitantes não vale a pena. As opções são energia solar e a diesel, que é o que a maioria das cidades do interior da Amazônia tem. Vamos fomentar uma série de atividades de produção que têm resíduos que podem gerar biogás, biomassa, e fazer eletricidade. O programa vai disseminar a tecnologia, informar como se faz e montar alguns programas-piloto.

ABr: Então, o programa vai atender a demandas específicas?
Sagusse: Temos alguns planos específicos e outros gerais. A Amazônia produz muita matéria prima, mas transforma pouco. Há uma demanda muito grande na área de redes de comercialização dos produtos e do apoio à industrialização e transformação desses produtos para agregar valor. Às vezes uma coisa simples, como uma máquina que quebra a castanha e permite transportar só a amêndoa sem a casca, dá um valor cinco vezes maior ao produto. Fora o fato de que essa casca é biomassa e pode gerar energia local. O programa vai pensar esse conjunto de atividades.

ABr: Ele traz diretrizes gerais, mas não projetos. É isso?
Sagusse: Esperamos ter três ou quatro projetos prontos até o meio do ano. Isso é importante até para a captação de recursos. Mas pelo volume do programa e pela necessidade de trabalhar com parcerias locais muito bem organizadas, ele deve estar funcionando plenamente a partir de 2008, quando termina o PPG-7 [Programa Piloto para as Florestas Tropicais Brasileiras]. Então teremos um período de transição.

ABr: Qual a diferença entre o PPG-7 e o Programa Amazônia?
Sagusse: A noção de piloto. O PPG-7 nunca atuou na área urbana, não trabalhou com energia nem atuou com o setor privado, que agora foi incorporado. Antes, cada setor fazia o seu projeto separadamente, não havia um projeto de desenvolvimento regional.

EcoDebate, www.ecodebate.com.br, 16/02/2006