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Artigo

Mais com menos, artigo de Montserrat Martins

 

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[EcoDebate] O ano mal começou (para alguns, o Brasil só “abre” depois do carnaval) mas já temos o seu mote, o pensamento-símbolo de 2015: fazer mais com menos, que é a ordem do governo federal para todos os 39 ministérios. Os governos estaduais e prefeituras vão ter de se adaptar, as empresas e portanto todos nós também.

É certo que em 2015 teremos de fazer “mais com menos” em nossas vidas pessoais. Em suas palestras o Gerdau (em eventos sobre Programa de Qualidade) cita a “taxa de desperdício da geladeira”, cerca de 20%, de produtos que deixamos estragar por termos comprado a mais, que deterioram sem serem usados. É o exemplo concreto e perfeito para o espírito da racionalização de custos, detectar esses 20% de desperdício não só na geladeira, como em outras áreas de nosso cotidiano.

O arrocho não é para todos, como a presidente do CPERS comentou numa entrevista sobre o “apertar os cintos” da população enquanto outros “nem cintos tem de usar”. O ajuste econômico com aumento dos juros é tudo que os bancos queriam, em contraste com as Centrais Sindicais que voltam às ruas com faixas “nem que a vaca tussa”, lembrando as promessas de campanha de não mexer nos direitos trabalhistas.

O autor de “O Capital no século XXI” propõe como uma das soluções os impostos sobre grandes fortunas, de uma ingenuidade impressionante em tempos de paraísos fiscais. Todos sabemos que quando aumentam ou são criados novos impostos, aumenta a evasão de recursos para estes locais. A verdadeira questão é compromissar o capital com o uso produtivo dos recursos, gerando empregos, ao invés do uso especulativo. Se há que se criar normas sobre lucros, que sejam sobre formas de induzir a investimentos em atividades que gerem empregos.

Na esfera pública sobrariam exemplos não só de desperdícios, como também de recursos sub-utilizados para combatê-los. Vamos citar apenas um aqui, da maior importância, o CNTL – Centro Nacional de Tecnologias Limpas. Desde 1995 instalado na FIERGS, o CNTL pode capacitar empresas no reuso de materiais, reaproveitamento da água, racionalização do consumo energético. Possibilita, enfim, maior sustentabilidade da produção de modo a economizar recursos, diminuindo também os custos decorrentes dos passivos ambientais para o Estado e a sociedade.

Pois bem, a renúncia fiscal do Estado em impostos, de que o Rio Grande do Sul abre mão em nome dos chamados incentivos fiscais, chega a cerca de 40% das possíveis receitas. Uma ideia simples e racional seria obter o compromisso de que as empresas beneficiadas irão aderir aos programas de capacitação do CNTL, a fim de reduzir o custo do próprio Estado com os passivos ambientais gerados pela produção.

A necessidade é a mãe da invenção, diz o ditado, e pode gerar boas ideias, mas essas não são as do arrocho e sim as da racionalização e combate ao desperdício.

Montserrat Martins , Colunista do Portal EcoDebate, possui graduação em Medicina pela Medicina UFCSPA(1982), graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1996), graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul(2005), especialização em Terapia de Família pela Terapia de Família – CEAPIA(1992) e residencia-medicapela Psiquiatria – Associação Encarnación Blaya – Clínica Pinel(1984).

Publicado no Portal EcoDebate, 02/02/2015

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