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‘Não pode haver anistia de carbono no mundo’, diz a ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira

 

pegada de co2

 

Às vésperas de mais uma COP, ministra diz que não se pode ‘passar a régua’ e simplesmente esquecer as emissões do passado

 

Na segunda semana da COP, a ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, chegarão a Varsóvia para o segmento de alto nível da conferência, quando as decisões são realmente tomadas. Izabella falou ao Estado sobre a expectativa da reunião.

Como está a expectativa em relação à atuação da Polônia como sede da COP? Altamente dependente de carvão, o país historicamente atravanca as negociações e tem impedido que a União Europeia, como grupo, assuma metas mais ambiciosas.

A Polônia tem dificuldades em sua matriz energética – 88% depende de carvão -, mas é um país europeu, com compromissos compulsórios. Como faz um país como esse para negociar dentro do bloco europeu, levando em conta sua realidade econômica, social e ambiental? O mesmo vale para os países árabes, que pensam: ‘Se o petróleo é o vilão, não achem que a gente vai parar de usar agora’. É da dinâmica do processo. A gente respira fundo. Porque a beleza do processo é construir soluções inovadoras a partir de situações complexas. E soluções inovadoras são as que possam levar à convergência de todos, que é o desafio, sem perder a separação entre países em desenvolvimento e desenvolvidos.

O velho problema de sempre que aparece em negociação após negociação …

Sim, mas a solução que muita gente propõe é igualar todo mundo. Tem gente que quer passar a régua na convenção – que o passado fique no passado – e só o que acontecer daqui para frente a gente combina. Mas não há anistia do carbono ou não pode haver anistia do carbono no mundo. Agora também não pode achar que pode excluir todo mundo (de responsabilidades). Só que isso acontece o tempo todo nas negociações de clima e acaba resultando na baixa ambição.

O Brasil está propondo uma ferramenta que permita calcular as emissões históricas de cada nação. Por que isso é importante para o País?

O que esperamos é que com isso se qualifique as ferramentas para que todos possam convergir. Um dos impasses das negociações tem a ver com a responsabilidade histórica. Por outro lado, todos os países estão agora fazendo algum esforço. Essas políticas são voluntárias. Como contabilizá-las num compromisso futuro? Não quero que o nosso esforço de redução do desmatamento se perca. Se fizer o histórico da nossa responsabilidade, quanto o Brasil emitiu e quanto está abatendo?

No ano passado o Brasil anunciou a menor taxa de desmatamento de sua história com bastante alarde na COP em Doha. Neste ano o número de alertas do Deter (sistema do Inpe que indica em tempo real possíveis focos de desmatamento) cresceu 35%. A senhora está preocupada em não poder apresentar uma boa notícia nesta COP?

Quem vai dizer o que ocorreu neste ano é o Prodes (sistema de alta resolução que calcula o desmatamento consolidado anual), que ainda não está pronto. O nosso trabalho no ministério é sempre para que o número caia. Mas de fato temos indicações vindas do campo de que voltaram a acontecer desmatamentos em áreas maiores, em especial no Pará, o que vinha diminuindo – as supressões vinham ocorrendo em áreas (polígonos) menores. Então, isso preocupa. Mas nosso desafio é manter a queda.

O que seria um bom resultado para Varsóvia?

Esta conferência tem uma importância estratégica, a responsabilidade de criar as condições favoráveis, amigáveis para o diálogo, com vistas a Lima (onde será a COP de 2014) e Paris (sede da COP de 2015). Se ela ficar travada nos diálogos, pode acabar levando a metas pouco ambiciosas. Temos de resgatar o bom ambiente para construir soluções que não sejam impostas de cima para baixo, mas que venham de baixo para cima.

(Giovana Girardi – O Estado de S.Paulo)

 

Entrevista em O Estado de S.Paulo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4853 e publicada pelo EcoDebate, 12/11/2013


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