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Biólogo da USP defende uso organismos geneticamente modificados na agricultura

 

Marcos Buckeridge defendeu a agricultura com organismos geneticamente modificados como método para evitar o desmatamento e criticou a ação do governo em relação ao agronegócio

 

Marcos Buckeridge, professor do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP)
Marcos Buckeridge, professor do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP). Foto: Foto: Nivaldo/ Repórter do Futuro, no Flickr.

 

[Por Gabriely Araujo para o EcoDebate] Com o objetivo de relativizar os aspectos da biologia no contexto das mudanças climáticas que influem no Brasil, o professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) Marcos Silveira Buckeridge defendeu durante conferência* o uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGM).

Para o pesquisador os transgênicos são essenciais para a manutenção da agricultura no planeta e a proteção da Floresta Amazônica. O biólogo foi enfático nessa tese, afirmando que “se aplicada toda essa tecnologia, a biodiversidade vai estar na nossa mão”.

Um dos estudos atuais de Buckeridge atenta para as consequências do excesso de gás carbônico (CO2) nos vegetais, devido à alta concentração do gás na atmosfera. Segundo o biólogo, os altos índices de carbono afetam o desenvolvimento das plantas, logo interferindo na agricultura. O pesquisador afirma que não há área suficiente para plantar usando as técnicas convencionais. “Até 2040 nós teremos que a aumentar a produção de alimentos em 70% para suprir não só o crescimento populacional, mas também o equilíbrio social na terra”, diz.

Por isso, a solução dada por Marcos Buckeridge é o uso de transgênicos no país, para evitar que grandes áreas sejam utilizadas para plantações, consequentemente refreando o desmatamento. Para intensificar seus argumentos, o biólogo disse não existir evidências que confirmem males à saúde com o uso de OGM, e “não há área agricultável em região politicamente estável no planeta a não ser hoje no Brasil”. Ele ainda polemiza ao afirmar que custo para o Brasil produzir alimentos geneticamente modificados é menor do que a exploração do Pré-Sal, criticando a condução da economia pelo governo.

Questiona-se a viabilidade da produção de transgênicos por pequenos agricultores. A maioria dessas sementes hoje é feita por duas grandes empresas, que determinam os preços dos geneticamente modificados. Na opinião de Buckeridge, uma resposta seria a regulação da compra e venda via governo. “Se a tecnologia ficar mais fácil de ser colocada no mercado as pequenas empresas irão produzir sementes”, sustentou. O biólogo diz, porém, que a qualidade dessas sementes não é igual a das poderosas indústrias, mas afirma que se o Brasil implantar os OGM é possível uma orientação através do agronegócio. “O agrobusiness está sendo o salvador da pátria brasileira nos últimos anos”, completou, referindo-se ao desempenho dos outros setores da economia no país.

O pesquisador, que também é membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC – sigla em inglês)**, participa do relatório sobre as consequências dos efeitos do clima, que será lançado neste ano. O Painel, criado pela Organização das Nações Unidas, alertou no último documento lançado em 2007 para o aumento dos níveis de CO2 no planeta, e o aquecimento global.

* A conferência e entrevista coletiva com o Marcos Silveira Buckeridge foi realizada no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, e faz parte do 7º Módulo do Curso Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizado pela Oboré.

**O IPCC foi criado em 1988 pela ONU e é formado por milhares de cientistas. O Painel está organizado em três grupos de trabalho, dividindo em partes o relatório sobre mudanças climáticas. O primeiro grupo se concentra no tema clima. O segundo trata dos impactos das mudanças e possíveis soluções. Já o terceiro estuda as alternativas econômicas e sociais para seus efeitos.

Gabriely Araujo, é jornalista em formação pela ECA-USP e participa do curso “Descobrir-se Repórter – Descobrir a Amazônia” pela Oboré Projetos Especiais em Comunicações e Artes

 

EcoDebate, 19/06/2013


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6 thoughts on “Biólogo da USP defende uso organismos geneticamente modificados na agricultura

  • Gostaria que o Marcos Buckeridge comesse sozinho os transgênicos. Não venha pois impor aos outros. Ele será um bom cobaia e deveras apropriado para o experimento dos efeitos!

  • Por evidências científicas sérias não há como ser a favor de uso de transgenia em nenhum ambiente aberto como são os agroecossistemas.
    Desde seu lançamento comercial no início da década de 1990, todos os problemas que a técnica propunha amenizar, foram agravados.
    Esse modelo produtivo ainda é o modelo convencional e anacrônico.
    Agrava desigualdades sociais, contamina o ambiente e impacta negativamente sobre a agrobiodiversidade nos pondo a mercê de uma insegurança alimentar, afeta negativamente a saúde de todos, necessita mais agrotóxicos, é geneticamente instável e imprevisível.
    Parafraseando um autor do qual não lembro o nome, o que vivemos atualmente não é uma crise (falta) alimentar, mas um escândalo (excesso).
    O lobby de grandes empresas como Monsanto, Dow, Du Pont, Cargill, Syngenta, Bayer e BASF, é muito forte e conseguem manipular muito bem através de seu marketing incisivo tanto agricultores como o meio técnico-científico.
    Os transgênicos na agricultura é um risco desnecessário uma vez que não é necessário o aumento da produção mas a distribuição melhor.
    A produção mundial é suficiente pra alimentar 12 bilhões de pessoas e ainda assim 1 bilhão passa fome.

    Agribusiness salvador da pátria?
    70% produção de alimentos no mundo e no brasil é provido por AGRICULTURA FAMILIAR e não pelo agribusiness.

  • Com todo respeito, mas achando incrível que, justamente um professor de Botânica, e da USP, venha apresentar tais argumentos em favor do cultivo dos transgênicos. É falácia dizer que não existe área agricultável no país para o cultivo tradicional, sem desmatamento. As áreas já desmatadas, sem cultivo e uso podem ser agregadas ao sistema produtivo e existem por ai.

    Os OGM não produzem a mais aquilo que anunciam como vantagens, nem produtiva, nem de custos. Os OGM não dispensam uso de agrotóxicos, como venda casada e que custam caro.

    E o pior de tudo é que o douto botânico não avalia as consequências dos transgênicos sobre um equilíbrio ambiental que assegure a presença de todos os componentes formadores do bioma já que a transmigração dos transgênicos ocorrerá e prejudicará os demais cultivos e à natureza (flora, fauna, micro-organismos, solo, etc.) dado que há interferência gradativa nas polinizações cruzadas possíveis de ocorrerem fora de controle.

    Ainda, se o uso do OGM fosse para o bem de todos e felicidade geral da nação, não deveria ser explorado por meio do domínio e patente das big BAYER, CARGIL, PIONEER, DU PONT e SYNGENTA lideradas por MONSANTO, com retenção onerosa das sementes e exclusividade de suprimento ao plantio e no uso de defensivos, tudo com polpudo Royalty.

    Outro falso argumento é que tenha sido comprovado que os OGM não venham a fazer mal ao homem, mas já há indícios de que o fazem extensivamente ao meio-ambiente.

    Além do que e também, há o viés de que ainda não comprovaram as virtudes de “fazer bem”. Somos cobaias humanas do terceiro milênio.

    Desdenha-se e não se propõe nada contra o tremendo desperdício de alimentos desde a colheita, transporte, distribuição, preparo, consumo e descartes, um todo que supera 35% da produção total e dispensaria o produzir mais para desperdiçar mais ainda.

    Além de tudo a mídia acintosa, junto com a indução subliminar, induz ao consumo de verdadeiras porcarias em quantidades desnecessárias ao viver, gerando obesidades e distúrbios na saúde.

    Se a ciência desatrelada dos interesses em lucros da produção e consumo orientar, os indivíduos comerão menos, mais corretamente (eu já pratico isto), desfrutarão de boa saúde e… sobrará alimento para o propalado aumento da população.

  • Segundo um artigo de 2008 no site do Etc Group (http://www.patentdocs.org/2008/05/etc-group-oppos.html) havia mais de 500 patentes de vegetais “climate-ready” dos grupos “Gene Giants” (Montanto, Basf, Du Pont, Syngenta etc) esperando pela “grande crise climática” anunciada por Al Gore. O Professor é do IPCC e está advogando a utilização destes OGMs em larga escala. Estas empresas investiram muito dinheiro nestes genes e, como oportunistas, tudo o que eles precisam é mesmo uma crise para espalhar suas criações pelo mundo (nem que se tenha que fabricar uma crise). A agricultura familiar e seus organismos representativos devem ficar atentos para tentativas de faze-los aceitar isto em nome de uma crise até agora imaginária.

  • luiz eduardo mb cruz

    Causa estrnheza as declarações de Marcos Buckeridge
    espero que ele enquanto professor e botanico da respeitável USP não esteja representando o pensamento desse segmento

  • Estudos realizados com Ratos, mostraram que o uso destes OGMs estão fizeram mal para saúde destes animais.
    Além disso, com uso exagerado destas sementes, houve um aumento no uso de agrotóxicos.

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