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Holoceno e Antropoceno, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

Antropoceno

 

Holoceno e Antropoceno, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

[EcoDebate] O Holoceno é um termo geológico para definir o período que se estende de 12 ou 10 mil anos – quando terninaram os efeitos da última glaciação – até a contemporalidade. A população humana no início do período Holoceno era de cerca de 5 milhões de habitantes (menor do que o número atual de moradores da cidade do Rio de Janeiro).

Mas o Holoceno propiciou as condições climáticas para o desenvolvimento do ser humano, pois foi neste período que a humanidade começou e expandiu as atividades agrícolas, a domesticação dos animais e a construção de cidades. Foi também o período que as migrações se multiplicaram por todos os cantos do Planeta.

A densidade populacional e econômica chegou a níveis bastante elevados, sendo que diversos analistas consideram que as atividades antrópicas já ter ultrapassado os limites do Planeta. A população passou de 5 milhões para 7 bilhões de habitantes, um aumento de 1400 vezes. Mas a economia e o consumo cresceram muitas vezes mais, explorando e sugando os recursos naturais, ao mesmo tempo em que descartava as sobras do consumo em forma de lixo, esgoto e outros resíduos poluentes. Somente para alimentar os sete bilhões de habitantes do mundo são mortos cerca de 60 bilhões de animais todos os anos.

O prêmio Nobel de Química de 1995, o holandês Paul Crutzen, avaliando o grau do impacto ambientalmente destruidor das atividades humanas afirmou que o mundo entrou em uma nova era geológica: a do ANTROPOCENO. Este termo, que tem antigas raízes etimológicas gregas significa “época da dominação humana” e representa um novo período da história da Terra em que o ser humano se tornou a causa da escalada global da mudança ambiental.

A humanidade tem afetado não só o clima da Terra, mas também química dos oceanos, os habitats terrestres e marinhos, a qualidade do ar e da água, os ciclos de água, nitrogênio e fósforo, alterando os diversos componentes essenciais que sustentam a vida no planeta. Cerca de 30 mil espécies são extintas a cada ano. A humanidade está provocando a redução da biodiversidade da Terra.

O biólogo E. Wilson considera que a humanidade é a primeira espécie na história da vida na Terra a se tornar numa força geofísica destruidora. Nas últimas seis décadas, na medida em que o PIB mundial crescia e os recursos naturais eram canalizados para o desfrute do consumo e do bem-estar humanos, houve uma investida exponensial sobre todos os ecossistemas do Planeta. O progresso humano tem significado regresso ambiental.

Este compasso é insustentável. O Antropoceno é uma Era sem futuro, pois no ritmo atual, o caminho trilhado vai levar à destruição do Planeta, ao ecocídio e mesmo ao suicídio daqueles que estão provocando a depleção ambiental.

É urgente substituir o Antropocento pelo Ecoceno, ou seja, uma era em que haja harmonia entre todas as espécies vivas da Terra, com a eliminação da exploração e da dominação de uma espécie sobre as demais.

Para tanto, é preciso superar a maneira de pensar antropocêntrica e adotar e respeitar os princípios ecocêntricos.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 08/08/2012

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