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Ibama multa caçadora de onças no pantanal em R$105 mil

O escritório regional do Ibama em Corumbá/MS multou a proprietária da fazenda Santa Sofia em R$ 105 mil por caça ilegal de onça e outros animais silvestres no pantanal. Os dois crânios de onça apreendidos na fazenda continham resíduos de musculatura, indicando abate recente, conforme laudo pericial da Embrapa Pantanal. Também, foram encontradas 16 galhadas de cervos do pantanal, uma pele de sucuri e nove armas durante a operação Jaguar II, realizada em 5 de maio.

A operação Jaguar II foi deflagrada após investigações conjuntas do Ibama e da Polícia Federal, a qual recebeu de um norte-americano um vídeo feito durante uma das caçadas.

Nesse vídeo, narrado em inglês, um grupo de estrangeiros acompanhado pelo caçador de onças Antônio Teodoro de Melo Neto e pela proprietária da Fazenda Santa Sofia, Beatriz Rondon, acuam uma onça parda no topo de uma árvore e atiram. O animal cai morto e é ladeado pelos cães. Na sequência, eles acuam uma onça-pintada, considerada o troféu mais valioso, de acordo com a narrativa. Ouve-se um disparo e a onça-pintada é atingida; cai e agoniza. Um dos caçadores do grupo dá mais um tiro à queima-roupa na cabeça da onça. “É uma fêmea muito linda mas estava matando o meu gado”, diz a fazendeira no vídeo. O grupo comemora o final da caçada. As imagens impressionam. Ao longo do safári, o grupo atira também em várias capivaras.

Beatriz Rondon foi presidente da Sociedade para a Defesa do Pantanal (Sodepan), uma organização não governamental com atuação reconhecida em Mato Grosso do Sul. A fazenda Santa Sofia é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e fica no pantanal do Rio Negro, considerada uma das regiões mais preservadas e belas da planície pantaneira. Para definir o valor da multa, o Ibama considerou como agravante o fato de a fazenda Santa Sofia ser uma RPPN e a caça ter fins turísticos.

O superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, David Lourenço, diz que esse tipo de crime ambiental não é a única agressão ao pantanal que está em curso. “Vamos continuar as investigações em todas as fazendas que tenham envolvimento direto ou indireto com esse crime”.

Operação Jaguar em 2010

A operação Jaguar, realizada em 21/07/2010 pela Polícia Federal e pelo Ibama, combateu a caça de onças-pintadas, pardas e pretas no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná e resultou na prisão de 14 pessoas. Oito presos em flagrante foram multados pelo Ibama pela prática de caça ilegal de animais silvestres ameaçados de extinção. As multas somam R$ 55 mil.

Durante a operação, foi decretada a prisão de Antônio Teodoro de Melo Neto, conhecido como “Tonho da Onça”, que está foragido e é considerado um dos maiores caçadores de onças do país.

Leia mais sobre a Operação Jaguar:

“Safári” de caça leva 14 para a prisão em operação da PF e do Ibama

Ibama MS multa caçadores de onças pegos em operação conjunta com a PF

Ibama e Polícia Federal empreendem ação contra caçadores de onças no Mato Grosso do Sul

Mariza Pontes de Oliveira, Ascom – Ibama/MS. Foto: Ibama/MS

Nota do EcoDebate: É inaceitável que crimes ambientais como estes sejam tratados como meras infrações administrativas passíveis de multas. Além disto, as multas são um estímulo ao crime pela efetiva impunidade que causam. Vejam a matéria “Certeza de impunidade: Ibama arrecada menos de 1% das multas aplicadas

EcoDebate, 10/05/2011

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4 thoughts on “Ibama multa caçadora de onças no pantanal em R$105 mil

  • Antonio Germano Gomes Pinto

    Desculpem-me curiosidade!
    Por que a madame Rondon não foi presa?
    Será porque tem um nome “respeitável”.
    Será por que é rica. O rico no Brasil tem imunidades e impunidades. Pode tudo!
    Se fosse um pobre cuitado, caçando para matar a fome, estaria preso, inafiançável!
    E VIVAM AS NOSSAS AUTORIDADES…

  • APF de Corumbá

    Antonio, o Sr. teve acesso a reportagem? Em caso positivo, deve observar que a referida não estava no local, ademais a nossa legislação prega que a prisão é uma exceção e se nós a tivessemos prendido todo o inquérito correria de uma forma muito mais rápida, impossibilitando as necessárias diligências que visam o indiciamento de todos os envolvidos. Ainda cabe ressaltar que se a Sra. Rodon ficasse presa agora, seria por apenas no máximo 5 dias, então a questão é. Nós da PF já incomodamos a Sra. Rondon alcançando o nosso objetivo.

  • eu lembro que a Constituição Federal prevê a modalidade de Desapropriação Confisco para o caso de utilização de propriedade para fins ilícitos.
    Voltando à realidade, ainda que ela seja condenada pelo crime ambiental de caça ilegal ela nunca será presa.(lembrando que uma coisa é matar uma onça, outra é promover safaris ilegais durante 15 anos, na última hipótese a propriedade está sendo usada como instrumento de crime, passível de confisco pelo Estado). E mais, uma multa pequena de 105 mil reais não é nada. Então, para quem é ambientalista, se por acaso você mora no Mato Grosso do Sul, pressione as autoridades (especialmente o MP e o IBAMA) a requerer a desapropriação da propriedade da dita cuja sem nenhuma indenização(lembrando que há também a desapropriação por interesse social, só que nessa há indenização). Com certeza isso será mais eficaz que todo “o rigor” da Lei dos Crimes Ambientais!!!!

  • Valdeci Pedro da Silva

    Parabéns, Waldir, pela sugestão de punir a criminosa com desapropriação da propriedade, que está sendo utilizada na prática de crimes. Se sua sugestão for acatada, no presente caso e noutros semelhantes, teremos alcançado um avanço considerável. Parabéns.

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