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Tragédia esquecida: Haiti diz que recebeu menos de 2% da ajuda internacional prometida

Centro da cidade de Port-au-Prince após o terremoto. Foto ONU/Logan Abassi
Centro da cidade de Port-au-Prince após o terremoto. Foto ONU/Logan Abassi

A enviada especial do Haiti na ONU, Leslie Voltaire, disse hoje que o país recebeu menos de 2% dos cerca de US$ 10 bilhões que a comunidade internacional se comprometeu a investir na reconstrução do país após o terremoto de 12 de janeiro.

Durante uma reunião do Conselho Econômico e Social (Ecosoc), Leslie afirmou que, seis meses depois do terremoto, as tarefas de reconstrução ainda não puderam começar. “Ainda não saímos da fase de recuperação”, lamentou a representante haitiana no encontro, dedicado à ajuda e ao desenvolvimento no país. Reportagem da Agência EFE.


Segundo Leslie, “muitos resultados positivos” foram obtidos no último semestre, mas ainda não há soluções para as 1,5 milhão de pessoas que estão sem casa e vivem em tendas de campanha.

Uma das dificuldades é a falta de capacidade das entidades haitianas para absorver a ajuda recebida pelo país, o que espera que se resolva com a Comissão Interina para a Reconstrução do Haiti (CIRH), copresidida pelo enviado da ONU para o Haiti, Bill Clinton.

“O povo está cansado da situação”, disse a representante haitiana, reconhecendo que os problemas de comunicação dentro do Governo do país dificultaram a coordenação da ajuda.

De acordo com Leslie, engenheiros avaliaram o estado de 150 mil imóveis, mas seus proprietários não podem voltar aos considerados como estruturalmente seguros porque não se sabe se há perigo de deslizamento de terra em diversas áreas.

Além disso, explicou que a população também reclama de que não participa da preparação dos planos de reconstrução, mas ao mesmo tempo as autoridades são reticentes a anunciar compromissos que não têm certeza de que poderão cumprir.

A prioridade do Governo ao longo dos próximos seis meses é a reconstrução de estradas, escolas e hospitais.

O coordenador de Assuntos Humanitários da ONU no Haiti, Nigel Fisher, reconheceu em seu discurso que o país se encontra em uma situação de transição delicada após a catástrofe.

Houve avanços no fornecimento de refúgios de emergência, assim como na reabertura de portos, aeroportos e escolas.

Ao mesmo tempo, acrescentou Fisher, se agravou a carência de acesso a serviços básicos e empregos que ocorria antes do terremoto e que são os dois assuntos que mais importam aos desabrigados.

Em 31 de março, a comunidade internacional se comprometeu em uma conferência de doadores a fornecer US$ 9,9 bilhões para a reconstrução do Haiti. Mais da metade desse valor deveria ser entregue nos próximos três anos.

Seis meses depois do terremoto, as organizações humanitárias asseguram que as condições de vida no Haiti continuam péssimas.

A catástrofe deixou 230 mil mortos, 300 mil feridos e destruiu 60% da infraestrutura do Governo. Além disso, quase 200 mil casas ficaram inabitáveis.

O valor total das perdas chega a US$ 7,8 bilhões, mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Haiti em 2009.

Reportagem da Agência EFE, no UOL Notícias.

EcoDebate, 15/07/2010

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