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Universidade Federal do Amazonas (Ufam) analisa potencial de plantas amazônicas para biocosméticos

O crajiru é uma das espécies que estão sendo investigadas (Foto: Divulgação)
O crajiru é uma das espécies que estão sendo investigadas (Foto: Divulgação)

Na região amazônica, as plantas desempenham um papel fundamental no cotidiano da população nas mais diversas situações. É nítido, também, o crescente interesse na fabricação de produtos com princípios ativos, a partir das plantas retiradas da flora local, para a produção de biocosméticos .

Nessa perspectiva, a doutora em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marne Carvalho, desenvolve um estudo capaz de verificar se determinadas substâncias extraídas de plantas nativas são passíveis de uso ou se causam dano ao organismo humano.


“Moemos a planta e, com isso, fazemos o extrato, para executarmos as pesquisas. Além disso, quando pensamos em biocosméticos, é mais fácil trabalharmos com o extrato, que representa o todo, ao invés de uma substância isolada”, explicou a pesquisadora.

Desenvolvido há quase dois anos e intitulado “Estudo do potencial genotóxico de fitocompostos para o desenvolvimento de biocosméticos a partir de plantas da Amazônia”, o trabalho se transformou na linha de pesquisa denominada “Eficácia e Segurança de Bioprodutos” no mestrado em Ciências Farmacêuticas da Ufam.

O estudo é realizado com financiamento na ordem de R$30 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR).

Potencial Cosmético ou não?

Carvalho explicou que uma das plantas estudadas é o crajiru, bastante conhecido na região por seu potencial cicatrizante. ”Se há o potencial cicatrizante, pode existir algum outro composto que possa ser útil na fabricação de cosmético”, comentou.

Ela explicou que a equipe, composta por quatro bolsistas, submete células normais ao extrato feito da planta e avalia se surtiu algum efeito benéfico ou maléfico. Com isso, é possível verificar se a substância é segura para fabricação de um biocosmético. Além do crajiru, nas pesquisas são utilizados o xixuá e o jucá.

As plantas são obtidas por meio de uma parceria firmada pela Ufam, com o apoio dos professores Tatiane Pereira de Souza e Emerson Silva Lima, e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Cultura de células

As células utilizadas na pesquisa, e que simulam o organismo humano, são provenientes da Universidade de São Paulo (USP), que doou, por meio da professora Silvia Hengler, uma cultura de fibroblastos (células presentes na derme e responsáveis pela qualidade da pele) e que agora farão parte do Laboratório de Cultura de Células da Ufam.

No decorrer das pesquisas, são realizados quatro testes para assegurar a integridade da célula. Aplicamos o teste da citotoxidade, para analisar o nível de toxidade da substância, o teste do cometa, para avaliar se houve dano ao DNA da célula após o contato com a substância, o teste do micronúcleo, no qual analisamos como está o núcleo da célula, e o teste de aberrações cromossômicas, que também é feito após contato com a substância para verificar anormalidades numéricas e quantitativas nos cromossomos”, explicou Carvalho.

Segundo a pesquisadora, o estudo está na fase de organização e tabulação de dados, voltados para produção científica. “Temos ótimos resultados, mas estamos pensando inicialmente na produção científica. Porém, isso não significa que não possamos conversar e disponibilizar os dados para alguma empresa”, concluiu a cientista.

Reportagem de Camila Carvalho e Cristiane Barbosa, da Agência Fapeam, publicada pelo EcoDebate, 17/06/2010

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