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A Suzano e ‘o espirito de humanidade’ para com a comunidade de Santana, artigo de Mayron Régis

Mayron Régis. Imagem: Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)
Mayron Régis. Imagem: Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)

[EcoDebate] Na primeira etapa do curso “O Cerrado que protege”, em Mangabeirinha, município de Urbano Santos, promovido pela Associação de Parteiras, ouviram-se comentários que o desmatamento efetuado pela Suzano Papel e Celulose nas proximidades da comunidade emendaria com a área da Santana, alguns quilômetros adiante. Segundo uma das parteiras, moradora da Baixa do Cocal, a intenção da comunidade da Santana era resistir ao desmatamento.

A área desmatada entre a Mangabeirinha e a Baixa do Cocal delatava mais de trezentos hectares de Cerrado. O tamanho dessa área, comprada de um senhor que nem mora nas vizinhanças e que obteve através do Iterma, tipifica uma terra de posse. Quer dizer, a Suzano não se faz de rogada e compra mesmo áreas de posseiros ou daqueles que a regularizaram pretendendo vendê-las para o primeiro comprador que apareça. Isso foi em abril de 2010.


Junho de 2010 – a terceirizada da Suzano quase triplicara a área de desmatamento para fins de plantio de eucalipto nesse trecho do município de Urbano Santos, bacia do rio Preguiças. Na comunidade de Santana, desde que o desmatamento terminara, os dias infundam dolorosas incertezas quanto à sobrevivência dos agricultores dessa comunidade. As áreas de extrativismo de bacuri e pequi totalizavam duzentos hectares. Pouca madeira ficou de pé. A professora aposentada Clea retumbou que nos primeiros meses de 2010 a polpa de bacuri encampou o preço de R$10,00 o quilo.

A duras penas, a Suzano distribuiu 120 hectares de terra para as vinte e cinco famílias da Santana e 90 hectares para as famílias da Ingá. Das três, uma: ou o total de famílias continua o mesmo, ou aumenta, ou os mais novos tiram pra fora. O que é mais provável e o que é menos provável? Pelo menos, essas duas comunidades recuperaram alguns hectares antes do total desastre. A comunidade do São Felipe “ficou a ver navios” ou “no ora veja”. Nessas horas delicadas, falar de espírito de humanidade soa ridículo.

Os mais de 500 hectares da Santana foram vendidos há mais de quinze anos pelo Oswaldo Barcelar. Seus parentes subiram na vida graças ao troca-troca característico da política maranhense. Eles anabolizam suas atividades político-econômicas em Coelho Neto, Duque Bacelar, Afonso Cunha e Chapadinha, não como antes, quando a família Bacelar ditava e referendava ordens, desordens, lucros e prejuízos para o Baixo Parnaíba maranhense. Nos dias atuais, o deputado Antonio Bacelar chancela a comissão do meio ambiente da Assembléia Legislativa do Maranhão.

Colaboração de Mayron Régis, Assessor do Fórum Carajás, para o EcoDebate, 14/06/2010

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