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Quando tudo pára… mas há ajuda, artigo de Montserrat Martins

[EcoDebate] Você tem planos, pode ser ir numa festa, ou um projeto profissional, está envolvido em algo que lhe interessa e, de repente, surge uma doença – em você ou em alguém da família – que faz toda sua vida parar. É um assunto que ninguém gosta de pensar, a gente só pára pra pensar quando acontece – e aí surgem outros valores, os interesses mudam, o melhor atendimento médico vale mais que aquela super festa ou até mesmo que o negócio dos seus sonhos.

Claro que é mais fácil para quem tem recursos financeiros, mas isso também não é garantia de saúde. E quem não tem ? O que pode fazer quem, além de ter sua vida “travada” por uma doença, ainda depende somente da rede de atendimento público ? Uma senhora que conheço, lá pelos seus 70 anos, me diz que costuma ter “sorte” com os médicos mas, na verdade, é ela quem costuma atrair tal sorte, com sua imensa paciência e simpatia, que cativa os profissionais a fazer “algo mais” por ela – sempre que possível, por exemplo, lhe conseguem amostras grátis de algum medicamento que o Estado não forneça.

Existem alguns locais, no entanto, que surpreendem pela qualidade do atendimento ao SUS, pela estrutura e boa vontade com que habitualmente seus profissionais de saúde prestam atendimento. A Santa Casa de Porto Alegre e o Instituto de Cardiologia, nesse sentido, podem ser considerados locais de medicina “de primeiro mundo”. Aliás, na verdade, nem nos países mais ricos o atendimento público tem a qualidade desses locais, pois os Estados Unidos recém agora estão implantando uma esipécie de “SUS” para o seu povo e no Canadá – que seria um país líder em “qualidade de vida” – se você não tiver dinheiro, não vai conseguir o atendimento que precisa.

Como a Santa Casa e o Cardiologia conseguiram esse “milagre”, com as escassas verbas do SUS ? Não sei se você sabe, mas é mais lucrativo vender cachorro-quente em frente ao hospital do que ser médico do SUS, pelo que é pago ao profissional por cada atendimento. Pois esses locais “melhores que o primeiro mundo” conseguiram superar todas as barreiras somando esforços em três frentes, ou seja, agregando recursos de fundações e de empresas privadas às verbas públicas existentes.

Se há um consenso entre os médicos gaúchos é o reconhecimento a algumas pessoas de extrema capacidade na gestão da saúde, como é o caso do administrador João Polanczyk, que após anos estruturando a Santa Casa, agora trabalha em hospital privado – mas mesmo assim estimulando a criação de unidades em locais populares como o Morro da Cruz e a Restinga. Numa entrevista, o Polanczyk citou que “na gestão hospitalar, muito se fala, por exemplo, no Hospital Pacient Centered (Administração Centrada no Paciente)”. O nome fala por si, contrastando com o burocratismo tão comum na sociedade em geral. Realizações assim nos mostram que é possível fazer algo para quem mais precisa, nas horas difíceis, quando pessoas inteligentes e sensíveis se dedicam a isso.

Montserrat Martins, Psiquiatra, é articulista do EcoDebate.

EcoDebate, 16/04/2010

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