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Cientistas pedem mudanças radicais na produção agrícola

Pratos vazios – A estimativa é que a população mundial chegue a 9 bilhões em 2050. Mas, enquanto o número de pessoas não para de crescer, o mesmo não se pode dizer do total de áreas cultiváveis, de água potável e de outros recursos fundamentais para a sobrevivência humana.

A edição desta sexta-feira (12/2) da revista Science aborda o tema da segurança alimentar em uma seção especial, com reportagens e artigos produzidos por dezenas de cientistas de diversos países. As conclusões não são boas.

Mesmo com os avanços científicos e nas tecnologias agrícolas, o número de pessoas desnutridas já passou do 1 bilhão. Em um cenário como esse, como fazer para alimentar o mundo sem exacerbar problemas ambientais e, ainda por cima, tendo que lidar com a questão das mudanças climáticas?

Para o painel de cientistas que participou do especial, a resposta está na adoção de medidas radicais na produção de alimentos. Os pesquisadores pedem aos líderes mundiais que “alterem dramaticamente suas noções a respeito de agricultura sustentável de modo a prevenir uma fome de dimensões catastróficas até o fim deste século entre os mais de 3 bilhões de pessoas que vivem próximas à linha do equador”, destacam.

Os pesquisadores clamam que os governantes “superem os conceitos populares contra o uso da biotecnologia agrícola”, particularmente com relação a culturas modificadas geneticamente, de modo a produzir mais em piores condições, e que os países tomem como base de suas regulações no setor os mais avançados trabalhos científicos.

“Estamos diante de uma queda de 20% a 30% na produção agrícola nos próximos 50 anos nas principais culturas entre as latitudes do sul da Califórnia e da Europa e a África do Sul”, disse David Battisti, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e um dos cientistas que participaram do especial na Science.

A produção nas mais importantes culturas agrícolas declina drasticamente quando as temperaturas médias passam dos 30º C, apontam. E as projeções são de que o fim do século, nas regiões tropicais e subtropicais, será de temperaturas mais elevadas do que as mais altas registradas atualmente.

“Estamos cada vez mais preocupados por não saber o que é preciso fazer para alimentar uma população crescente em um mundo que não para de se aquecer”, disse Nina Federoff, conselheira para ciência e tecnologia da secretária de estado norte-americana, Hillary Rodham Clinton, outra autora do especial.

Mesmo sem o fator aquecimento global, segundo Battisti, alimentar uma população que crescerá 30% em 40 anos seria um desafio imenso. “Precisaríamos dobrar a produção atual de grãos nos trópicos”, disse. O problema, afirma, é que o clima mais aquecido reduzirá a produtividade, uma vez que a temperatura elevada reduz a eficiência do processo fotossintético.

Os cientistas estimam que o aumento na temperatura, a queda nas chuvas e o aumento da ação de pestes e patógenos poderão derrubar a produção de alimentos nas regiões tropicais e subtropicais do planeta em pelo menos 20% até 2050. Ou seja, mais gente com muito menos comida.

Os outros autores do especial destacam medidas para tentar enfrentar a situação, tais como desenvolver sistemas que permitam produzir mais com menos terra, energia ou água e reduzir a poluição associada com os pesticidas agrícolas.

Battisti aponta que a chamada “revolução verde” na agricultura resultou em um aumento de 2% na produção anual nos últimos 20 anos, especialmente por meio do uso de novas variedades de plantas e do melhor uso da fertilização e da irrigação.

Mas, apesar desses avanços, há pouca – ou mesmo nenhuma, em muitos lugares – nova terra disponível para plantio. Por conta disso, mais inovações são necessárias para lidar com esse panorama adverso.

“Precisamos de muitas ideias criativas, de um melhor casamento entre biotecnologia e agricultura e de melhor coordenação entre esforços públicos e privados por todo o mundo. Temos que pensar nas demandas de longo prazo por alimentos e nas ramificações ambientais e sociais de como iremos produzi-los”, disse Battisti.

O artigo Radically Rethinking Agriculture for the 21st Century, de Nina Federoff, David Battisti e outros (10.1126/science.1186834), pode ser lido por assinantes da Science (Vol. 327, 12/2/2010) em www.sciencemag.org.

Reportagem da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 18/02/2010

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3 thoughts on “Cientistas pedem mudanças radicais na produção agrícola

  • Este tipo de matéria, fundamentada por cientistas da área de biotecnologia, deve ser veiculada acompanhada de análise crítica de quem se diapõe a divulgá-la.

    A tecnologia e produção de alimentos já mostrou ser insustentável, altamente impactante para o meio ambiente, concentradora de capital e de território e mantenedora de um estado corrupto – governo e bancada ruralista.

    Alimentar uma população crescente e pobre não condiz com a idéia de expansão da agricultura biotecnológica capitalista, que é muito cara, dependente de insumos caros e de muito petróleo – gerando, na ponta para o consumidor, produtos cada vez mais caros e mais envenenados.

    Se o problema é populacional, deveríamos estar discutindo sobre planejamento familiar, fertilidade, nascimentos e mortalidade.

    Se o problema está bem identificado, é preciso mais coragem para tratar dele.

    Mas o modelo capitalista defende a idéia do consumo como fator de crescimento, defendendo portanto o crescimento demográfico como fator de produção: mão de obra barata ou semi-escrava e alto consumo de “commodities”.

    Vejamos o exemplo chinês, o mais destrutivo atualmente, que produz uma infinidade de bens supérfluos, abarrotando o mercado com porcarias,gerando um imenso impacto ambiental para si próprios e para o mundo. Além de somarem mais de um bilhão de chineses que somados aos indianos, representam mais de um terço da população mundial.

    Voltando ao tema, a defesa de uma agricultura com base na biotecnologia – que entendemos como manipulação genética por transgenia e produção de agrotóxicos e fertilizantes de síntese se deve aos altos lucros obtidos pelas grandes transnacionais como Monsanto, Syngenta, Basf,Cargil e tantas outras.

    Os lucros despropositados destas corporações mafiosas do agronegócio, associados a produção de insumos,de grãos e de produção animal não condizem com a tese apresentada,do agronegócio de transgenia mais agrotóxicos e fertilizantes para alimentar uma população pobre dos trópicos, como foi aqui colocado.

    Esta tecnologia se mostra incapaz de manter o equilíbrio ecológico, é totalmente devastadora,esgota os mananciais e aquíferos com a extrema utilização de irrigação,destrói a fertilidade e qualidade física dos solos que se erodem a uma média de mais de uma centena de toneladas de solos perdidos por hectare por ano – que vão assorear rios e barragens e como resultado biológico aumentam as populações de pragas e infecções resistentes aos produtos químicos por eles produzidos, envenenando cada vez mais o planeta e a nossa comida diária.

    O Brasil é o maior consumidor de venenos do mundo, graças a biotecnologia, da Monsanto e outras agroquímicas que prometeram diminuir as necessidade de uso destes venenos, mas o que de fato ocorre é que estamos todos envenenados, nossos solos, nossa água, nossos alimentos.

    Portanto,os cientistas que defendem estas biotecnologias de manipulações transgênicas são escravos intelectuais das grandes empresas que lhes mantém por salários, por recursos para suas loucuras laboratoriais e para manter suas vaidades proficionais – são mercenários da ciência. Não praticam uma ciência ética, por amor a vida, mas vendem suas mentes ao capital.

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