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Trabalho de pesquisadora da Ensp/Fiocruz propõe reintegração de áreas contaminadas por metais pesados

Terreno, da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, em Itaguaí (RJ), contaminado por metais pesados
Terreno, da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, em Itaguaí (RJ), contaminado por metais pesados

Promover a reintegração de uma determinada área potencialmente contaminada por metais pesados a partir do uso de plantas é um dos objetivos do trabalho desenvolvido pela pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pùblica (Ensp/Fiocruz), Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn. O estudo se dedica à pesquisa de tecnologias de controle e recuperação ambiental do solo, tornando-o novamente produtivo e útil para a sociedade.

O projeto teve início em 2001, com estudo do resíduo proveniente do passivo ambiental da extinta Companhia Mercantil e Industrial Ingá, em Itaguaí (RJ), com uma proposta para a solução de problemas causados por acúmulo de rejeitos contendo metais pesados, principalmente cádmio, chumbo e zinco – resultantes das operações da Companhia, e também resíduos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) com características alcalinas. “A poluição do solo e da água por metais pesados é um importante problema ambiental, que tem atraído considerável atenção pública nas últimas décadas devido aos danos causados à saúde do ambiente como um todo e do ser humano em especial”, afirmou Wilma.

Após a caracterização dos resíduos, Wilma contou que passou a fazer um experimento de recuperação gradativa a partir dos resultados obtidos experimentalmente de disposição dos resíduos, acrescidos de argilominerais especiais. “O que pretendemos, agora, é fazer uma sucessão vegetal acelerada, e fazemos isso introduzindo matéria orgânica a partir de biossólido, o solo de área de empréstimo e o uso de material alcalino. A sucessão vegetal é a sequência de desenvolvimento natural de comunidades de seres vivos num ecossistema”, explicou.

“A ideia final é tornar o solo produtivo novamente”, diz a pesquisadora. Não para a alimentação, mas destinado à indústria. Um exemplo disso é o plantio de espécies vegetais como a mamona, para aproveitamento como biodiesel, e mandioca, para a produção de etanol, entre outras. “A vantagem disso é que a produção do etanol pode ser feita em usinas de pequeno porte e em pequenas unidades-piloto. Isso seria interessante em empreendimentos de extração mineral, por exemplo”, exemplificou.

Ao falar sobre a importância do projeto, Wilma conta que o Estado do Rio de Janeiro está voltando a ser uma região industrial. Portanto, alternativas de recuperação ambiental são necessárias. “O Rio está voltando lentamente a ser um estado industrializado. Temos o Polo Petroquímico em Itaboraí e o Parque Industrial em Itaguaí, ou seja, o destino do estado, que parecia puramente turístico, voltou a ser industrial. É importante que a gente desenvolva bem essa área de reaproveitamento e de processamento em relação aos resíduos. Não há indústria sem resíduo. O Rio já foi uma região bastante industrializada e, agora, temos que voltar a lidar com o resultado dessa industrialização de maneira adequada. A população já sofreu muito com a disposição inadequada no estado, como na Cidade dos Meninos, em Caxias, e a Ilha da Madeira, em Itaguaí. Agora, temos que nos preparar. A destinação do resíduo é um aspecto importante a ser definido, e a recuperação da área é uma necessidade para a sociedade. É nesse último aspecto que o trabalho atual se insere na reintegração de área visando à saúde ambiental e consequentemente à saúde humana”.

Informe Ensp/Agência Fiocruz de Notícias, publicado pelo EcoDebate, 03/02/2010

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