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Produtos Orgânicos: Custos explicam diferença de preços nas feiras e nos supermercados

Para produzir orgânicos, usa-se mais mão de obra do que na produção convencional Foto: Valter Campanato/ABr
Para produzir orgânicos, usa-se mais mão de obra do que na produção convencional Foto: Valter Campanato/ABr

Custos maiores podem explicar os preços mais altos dos produtos orgânicos nas feiras e nos supermercados. Para alguns produtores, entretanto, a comparação pode não ser tão simplista.

O alimento orgânicos é mais caro do que o convencional, mas esse tipo de comparação não pode ser feita, diz o agrônomo Jorge Artur Chagas de Oliveira, dono do Sítio Alegria, em Brasília. É mais caro porque não são produtos iguais. “Por isso, os preços são diferentes.”

“Não é dizer que o produto orgânico é mais caro. O produto orgânico precisa de mais mão de obra e de mais tempo para a produção”, conta Deusmar Alves, dono do Sítio Mangabeira.

O pesquisador Francisco Vilela Resende, da Embrapa Hortaliças, concorda com os produtores e explica que a produção de orgânicos pode ser um pouco mais cara por causa dos custos adicionais, como a certificação e a necessidade de mais mão de obra.

“Mas, com exceção disso, [o gasto com orgânicos] não é tão elevado. No início, o custo pode ser um pouco mais elevado [com a certificação e a mão de obra], mas a partir do momento em que a propriedade começa a funcionar num sistema orgânico de produção, esses custos tendem a se igualar aos da produção convencional”, afirma o pesquisador.

“A produtividade do orgânico depende da cultura plantada. Nas ‘mais problemáticas’, como a do tomate, a da batata e a do morango, a produtividade é menor. Não temos tecnologia para obter a mesma produtividade”, diz Resende. Ele ressalta que, nas folhosas, a produtividade, em geral, é a mesma.

No período de transição da terra – quando não se usam mais agrotóxicos, mas a produção ainda não pode ser vendida como orgânica – os gastos são mais elevados. “Nesse período de um ano [de conversão] o produtor tem uma diminuição na lucratividade. Esse é um problema, precisaria haver uma forma de subsídio para o produtor resistir e continuar na atividade”, afirma Resende. Depois da transição, o lucro do produtor vai aumentar porque os preços são, no mínimo, 30% mais altos.

Para Resende, o que explica a diferença no preço é a questão da oferta e da procura, pois a demanda por orgânicos supera a oferta. Ele admite, no entanto, que sempre haverá diferença de preço porque o orgânico é um produto de melhor qualidade.

“Mesmo que a oferta se torne suficiente para atender ao mercado, o produto orgânico tem que custar um pouco mais, porque tem valor agregado. O consumidor deve ter sempre em mente que é um produto de melhor qualidade.”

Os consumidores acreditam que o preço, apesar de mais elevado, compensa.“É um caro que vale a pena. É uma diferença mínima para quem busca qualidade de paladar e de vida”, afirma Clícia Maria da Silva Cardoso. O dentista Fábio José Turco concorda. “Certamente é um comércio mais restrito, mais caro. Porém, existe a certeza de estar consumindo um produto melhor.”

Reportagem da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 04/01/2010

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