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FAO afirma que produção de alimentos precisa aumentar 70% até 2050. Políticas nacionais pioraram crise de alimentos

crise alimentar

"O desafio não é apenas aumentar a futura produção global, mas aumentá-la onde ela é mais necessária". Jacques Diouf, diretor-geral da FAO

A produção mundial de alimentos deve aumentar em 70% nos próximos 40 anos para suprir a demanda crescente, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura.

O órgão calcula que os governos de países em desenvolvimento precisam passar a investir anualmente US$ 44 bilhões em agricultura para alimentar uma população que calcula-se que será de 9 bilhões de pessoas em 2050. Atualmente, este investimento é de US$ 7,9 bilhões. Reportagem da BBC Brasil.

As mudanças climáticas e o êxodo para a cidades também devem contribuir para a falta de alimentos nos próximos anos, diz o relatório.

Aquecimento global

“O desafio não é apenas aumentar a futura produção global, mas aumentá-la onde ela é mais necessária”, disse o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf.

“Deve existir um foco especial em pequenos fazendeiros, mulheres e seu acesso à terra, água e sementes de qualidade, além de outros recursos modernos.”

Efeitos das mudanças climáticas como secas e enchentes podem reduzir a produção agrícola em 30% na África e 21% na Ásia, diz a FAO.

A produção de alimentos também deverá competir com lavouras de biocombustíveis, que devem aumentar em 90% na próxima década.

“A agricultura mundial deverá enfrentar as consequências das mudanças climáticas, em especial do aumento das temperaturas, uma variação maior do regime de chuvas e fenômenos climáticos extremos cada vez mais frequentes”, disse Diouf.

A FAO diz que estas mudanças devem reduzir a quantidade de água disponível e aumentar a incidência de pragas e doenças em plantas e animais.

A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a crise de alimentos iniciada no ano passado, que levou preços de alimentos a alcançar altas recordes no mundo, foi piorada por medidas adotadas por alguns governos.

Um alto oficial do órgão da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), Alexander Sarris, disse à BBC que o preço do arroz dobrou quando a Índia e o Vietnã cortaram exportações e o governo das Filipinas estocou importações.

“A alta nos preços do arroz no final do ano passado não resultou de uma queda na oferta”, disse Sarris. “Ela foi devida a acúmulos por uma variedade de países e outros agentes que consumem arroz, que pensaram que não ia haver arroz suficiente no mercado”.

Sarris disse que embora os governos estivessem tentando garantir suprimentos suficientes para suas populações, suas ações contribuíram para o pânico em relação ao suprimentos de alimentos.

“Os governos se intrometeram no mercado de uma maneira que podemos qualificar como desestabilizadora. Em outras palavras, eles compraram demais ou restringiram exportações”, disse o oficial.

“Eu diria que eles criaram um tipo de expectativa de pânico. E uma vez que a expectativa é gerada, todo mundo quer se proteger e a ação natural de qualquer pessoa é acumular, ou seja, comprar mais do que precisa. E isso é o que causa a alta”, concluiu Sarris.

Pesquisa BBC

Segundo a FAO, há uma tendência global de queda nos preços dos alimentos.

A BBC comparou os custos de produtos da cesta básica como arroz, leite e ovos em sete grandes cidades e concluiu, no entanto, que há grande variação no comportamento dos preços em lugares diferentes do mundo.

Em Washington e Bruxelas, cidades ricas em países desenvolvidos, os preços de alimentos básicos caíram dramaticamente, segundo a pesquisa da BBC.

Em paises mais pobres, nossos dados indicam, os preços subiram.

Em Nairóbi e Buenos Aires, particularmente, o aumento no custo de alimentos básicos foi substancioso.

Vários fatores locais contribuíram para os diferentes resultados.

Em Bruxelas, por exemplo, o bom tempo e uma baixa nos custos do petróleo resultaram em frutas e legumes mais baratos, e competições entre supermercados levaram a uma redução no preço do leite.

Em Nairóbi, os preços altos foram atribuídos ao mau tempo e à manipulação do mercado por intermediários em conivência com funcionários do governo.

Em muitas partes do mundo, o custo dos alimentos consome uma grande porção da renda familiar.

A pesquisa da BBC indica que alguns países ainda estão às voltas com uma crise no setor de alimentos.

EcoDebate, 14/10/2009

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