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Artigo

Meios de transporte mais verdes, procuram-se !!! artigo de Carol Salsa

poluição e navios

[EcoDebate] Água de lastro, derramamento de óleo, emissão de gases nocivos à saúde e efluentes a bordo, são alguns dos poluentes mais comumente avaliados neste tipo de transporte.

Os navios ao realizarem o comércio entre dois países captam água que serve como um contrapeso para a estabilidade do navio no seu regresso à origem. Esta água é conhecida como água de lastro. Os organismos presentes nesta água têm um habitat diferente do país de origem das cargas. Uma grande embarcação pode carregar até 130 mil toneladas dessas águas de um continente para outro, por exemplo. Uma das verdadeiras pragas nos portos brasileiros tem sido a ocorrência do mexilhão dourado. O mexilhão dourado ( Limnoperna fortunei) é um bivalve da família Mytilidae de no máximo 4 cm de comprimento trazido por água de lastro. Possui uma forma larval, que é livre e, na fase adulta vive fixo a qualquer substrato duro, formando agregados e cobrindo extensas superfícies.

O mexilhão é originário dos rios da China. Foi introduzido nos estuários da foz do rio da Prata na Argentina, em 1991, através da “água de lastro” dos navios que fazem o comércio entre países asiáticos e a Argentina. O mexilhão chegou ao Pantanal, onde foi observado em 1998, incrustado nos cascos das embarcações que trafegam no sistema Paraguai-Paraná, entre Argentina e Brasil. O mexilhão entra no sistema de refrigeração dos motores das embarcações impedindo que a água circule, causa aquecimento do motor e, pode levá-lo a fundir, caso já registrado no rio Paraguai. Isto tem causado desconforto entre as comunidades e empresários, principalmente os do setor elétrico. Temos no Brasil uma extensa rede hidrográfica e uma grande quantidade de reservatórios para a geração de energia. O prejuízo, tanto ambiental como econômico, será incalculável se medidas de controle da dispersão através de novas tecnologias não forem tomadas. O efeito das incrustações do mexilhão dourado tem sido observado em estações de captação e tratamento de água (tubulação e bombas), sistemas de resfriamento das hidrelétricas e entupimentos em tubulações em geral, aumentando o custo de manutenção na indústria e geradoras de energia elétrica.

No ambiente, o mexilhão ocupa todo o espaço que lhe for disponível e pode alterar a composição de espécies de invertebrados do ambiente aquático. Com as alterações na cadeia alimentar, a captura de certas espécies de peixe pode ser prejudicada.
Problemas semelhantes ocorrem nos Estados Unidos e no Canadá, países onde o mexilhão-zebra se disseminou.

Métodos mais modernos sugerem o uso de filtros na operação de captação das águas de lastro.

Um outro problema comum é o ar que se respira na orla marítima. O ar não é tão puro como se pensa. Os poluentes emitidos por navios são responsáveis por cerca de 58 mil mortes ao ano, originando doenças como câncer e problemas no coração . Um estudo intitulado “ Environmental Science and Technology”, publicado pela revista da Sociedade Norte- Americana de Química, mostra que os três portos mais vulneráveis por intenso comércio do mundo – Xangai, Cingapura e Hong-Kong, vão sofrer grande impacto com as emissões provindas dos navios, uma vez que os poluentes não ficam restritos às áreas marítimas e sim, também, às terrestres.

Legislações ambientais adotadas em todo o mundo têm reprimido todo tipo de poluição da água, do ar e do solo. Exemplo disso é o contínuo emprego das normas ISO 9000 e ISO 14001.

A Convenção Internacional MARPOL prevê que a água de estiva (estiva é a área do navio situada no fundo do casco, onde os efluentes líquidos e resíduos oleosos são recolhidos, juntamente com outros resíduos de sistemas e equipamentos em espaços de máquinas) deve ser tratada a fim de reduzir a concentração de óleo antes de ser lançada ao mar. Algumas companhias marítimas adotam o sistema de concentração de óleo antes de ser lançada ao mar somente se o teor de óleo for inferior a 15 ppm garantido por monitoramento contínua das empresas.

Os regulamentos MARPOL estabelecem que o esgoto tratado (água de descarga de banheiros e águas residuais de pias médicas) só pode ser lançado ao mar a uma distância superior a 4 milhas da costa mais próxima, enquanto a distância para o esgoto não tratado deve superior a 12 milhas.

Em algumas Companhias, a água dos navios é parcialmente fornecida por fontes externas; a maior parte é obtida diretamente a bordo, utilizando instalações de dessalinização para a produção de água potável.

Um selo que distingue uma conscientização ambiental consolidada é aquele conferido à companhia marítima que cumpre normas ambientais de prevenção de poluição do ambiente marinho, e é, na verdade, mais rigoroso do que as disposições vigentes da Convenção Internacional MARPOL. O selo conferido à empresa chama-se “ Green Star” . O “ Green Planet Award” é o selo de mais alto nível de aprovação ecológica no setor de turismo e viagens, pela gestão e pelo desempenho ecológico.

O setor demonstra uma grande evolução em conceitos ambientais e novas tecnologias para reduzir as emissões de poluentes no oceano, terra e ar.

FONTE:
http://www.pressclub.com.br/pressclub/notícias/imprime_noticias.asp
http://www.furnas.com.br/meioambiente_mexilhao2.asp

Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM.

EcoDebate, 09/10/2009

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