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França permite visita a usinas nucleares em Marcoule e Pierrelatte em fase de desmanche

CEA Marcoule - © CEA/Christophe PETITOT
CEA Marcoule – © CEA/Christophe PETITOT

..."Autoridades disseram que as operações de desmanche de Pierrelatte e Marcoule foram extremamente seguras, com 30 pequenos incidentes registrados na década, desde o início dos trabalhos, em comparação com 900 por ano em instalações nucleares civis na França."...

Enquanto o mundo se aflige com as usinas de enriquecimento de urânio do Irã e da Coreia do Norte, a França está se livrando publicamente das suas centrais nucleares, para servir de exemplo.

A França não planeja se desfazer de suas armas nucleares, mas tem plutônio e urânio altamente enriquecido em quantidade suficiente para manter seu arsenal, por isso está desmantelando as fábricas que eram usadas para fabricar esses materiais. Reportagem Estelle Shirbon, da Agência Reuters.

Elas estão localizadas em Marcoule e Pierrelatte, duas grandes áreas industriais construídas em meio a vinhedos e campos de produção de lavanda em um canto da Provença, perto do Rio Rhône.

Quando forem fechadas, elas terão operado por 40 anos e deixado um custo de mais de 6 bilhões de euros (8,4 bilhões de dólares) para a remoção dos materiais radioativos e desmantelamento de todo o complexo maquinário.

Por muitas décadas, enquanto ainda estavam em operação, as duas usinas foram classificadas como altamente secretas. Recentemente, num dia ensolarado do verão, Marcoule e Pierrelatte foram mostradas para um pequeno grupo de jornalistas, em uma visita cuidadosamente planejada e que, segundo a França, era a primeira deste tipo ao local.

“Esta não é uma decisão anódina, quero insistir nisso. É a primeira vez que um Estado armado nuclearmente faz isso”, disse aos repórteres Antoine Beaussant, um assessor militar chegado ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, enquanto colocavam capacetes especiais e punham pequenos contadores Geiger nas roupas brancas que teriam de usar durante o tour.

A visita dos jornalistas cumpria uma promessa feita por Sarkozy em 2008 de abrir as duas centrais para mostrar ao público que não estão mais sendo utilizadas.

DESARMAMENTO

A França possui armas nucleares desde 1960, mas vem reduzindo seu arsenal desde o fim da Guerra Fria. O país tem menos de 300 ogivas nucleares, metade do que já possuiu. Isso é suficiente como força dissuasiva para proteger os interesses nacionais vitais, diz Sarkozy.

A produção de materiais físseis para bombas foi encerrada em 1996 e a destruição das usinas está em fase avançada.

A decisão de Sarkozy de permitir que pessoas de fora vejam o que restou das centrais tem por objetivo estimular outras potências nucleares oficiais — Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia e China — a desmantelarem suas instalações similares e mostrar que estão fazendo isso.

A atitude transparente da França, bem como iniciativas recentes dos EUA e Rússia de reduzir seus arsenais nucleares, é também um sinalizador para o Irã e a Coreia do Norte.

A mensagem tática para aqueles países é que potências nucleares maduras estão fazendo esforços para reduzir seu poder de fogo, por isso eles também poderiam privar-se de construir arsenais nucleares.

A França também quer mostrar apoio a negociações para um tratado mundial para suspender a produção de material de fabricação de bombas nucleares, que obteve avanços recentemente, depois de um longo período de impasse.

Sarkozy, que nunca foi de ficar calmamente à margem dos acontecimentos, quer apresentar a França como líder no processo de desarmamento mundial.

Autoridades disseram que as operações de desmanche de Pierrelatte e Marcoule foram extremamente seguras, com 30 pequenos incidentes registrados na década, desde o início dos trabalhos, em comparação com 900 por ano em instalações nucleares civis na França.

No entanto, a segurança continua sendo uma preocupação em usinas como essas. Em uma mensagem colocada em um espelho, no caminho para as instalações, os trabalhadores e visitantes são lembrados: “ESTA é a pessoa mais responsável por sua segurança”.

Reportagem da Agência Reuters, no Estadao.com.br.

EcoDebate, 17/07/2009

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