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A Mata Atlântica por um fio

Mata Atlântica

[EcoDebate] Nesta semana foi divulgado mais um importante estudo com informações preocupantes sobre o nosso meio ambiente. Desta vez a má notícia é relativa à Mata Atlântica. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Fundação SOS Mata Atlântica revelam que, de 2005 a 2008, foram destruídos 103 mil hectares dessa importante floresta brasileira. São mais de 34 mil hectares por ano. Perdeu-se em apenas três anos uma área equivalente a dois terços da capital de São Paulo.

A Mata Atlântica já foi a segunda maior floresta tropical da América do Sul, percorrendo toda a linha do litoral brasileiro. Desde o descobrimento ela sofre uma destruição constante e que se agravou bastante a partir da metade do século passado. Este estudo divulgado na última terça-feira comprova que a destruição adentrou este século 21.

Desde 2000 a taxa de desmatamento mantém um ritmo veloz e inalterado. O mapeamento foi feito em dez dos dezessete estados brasileiros que contam com o bioma, cobrindo os estados mais populosos do país.

Estes números devem ser vistos ainda com maior preocupação quando levamos em conta que o que restou não permanece em faixas contínuas. A mata foi feita em pedaços. Dos 233 mil fragmentos florestais com mais de 3 hectares existentes, só 18,4 mil são maiores que 100 hectares.

Dos 131 milhões de hectares que havia na época do descobrimento, a área foi reduzida a 11,4%, se considerados os fragmentos de floresta acima de 3 hectares. Mas, considerando apenas fragmentos com mais de cem hectares, o que resta da Mata Atlântica cai para 7,9%.

Portanto, o que sobrou sobrevive na forma de ilhas isoladas de florestas. Isso torna ainda mais difícil a manutenção da biodiversidade, já que em áreas menores é mais difícil a sobrevivência das espécies, aumentando também a dificuldade da preservação, já que estes trechos isolados acabam mais expostos a pressões ambientais.

E também quando se fala em Mata Atlântica não se deve pensar em uma floresta isolada dos grandes centros habitados. Um fator diferencial desta floresta na comparação com a Amazônia é que grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, estão nas beiradas deste importante bioma que abriga nascentes e fluxo hídrico essenciais para a existência destas localidades.

O avanço descontrolado sobre esta porção de biodiversidade, portanto, deve trazer as mesmas conseqüências de todo impacto ambiental em qualquer floresta, com a diferença de os efeitos serem imediatos. A disponibilidade de água e chuvas, por exemplo, depende diretamente da manutenção do que sobrou da Mata Atlântica.

Segundo o estudo, a floresta, ou o que resta dela, está próxima de uma população de mais de 120 milhões de pessoas, nas principais capitais e grandes metrópoles vizinhas da Mata Atlântica.

O levantamento concluiu que as áreas mais críticas para a conservação da Mata Atlântica são em Minas Gerais, com 32,7 mil hectares de desmatamento, Santa Catarina, com 25,9 mil, e Bahia, que desmatou 24,1 hectares, sempre nos três anos analisados pelo estudo. Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo, provocaram juntos o desmatamento de uma área de 20.683 hectares.

O estudo do Inpe e da Fundação Mata Atlântica vem reforçar a necessidade da criação de políticas ambientais sérias, tanto no nível federal, quanto no âmbito dos estados. O modelo seguido até agora chega a ser autofágico. Em Minas, tomando como exemplo onde mais se desmata, a destruição se deve à exploração de carvão vegetal para a siderurgia.

Já passou da hora de se compatibilizar o progresso com a sustentação ecológica. Na verdade, este nem é mais exclusivamente um tópico econômico, já que a questão passou a ser mesmo de sobrevivência. Por fim, é de se perguntar o que vale acumular riqueza econômica com um processo que, logo mais, pode deixar os seres humanos sem meios para manter a própria vida.

Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente para o EcoDebate.

[EcoDebate, 01/06/2009]

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2 thoughts on “A Mata Atlântica por um fio

  • Excelente matéria. Vamos nos unir em prol da Mata Atlantica.Quanto mais pessoas tomarem conhecimento da grave situação e das consequencias que esta devastação provocará, talvez ainda haja tempo de salvar o que resta da Mata Atlantica. Vamos repassar para o maior numero possivel de contatos.

  • Importantissima a reportagem que é principalmente uma denúncia de crime contra nossa Mata Atlântica que acontece sem os devidos corretivos !!E um “tiro no pé” de toda a população das grandes capitais brasileiras, como foi citado!
    Trabalho com educação ambiental, e possuímos uma pequena reserva (- de 40ha) de Mata preservada com três nascentes no reconcavo baiano.
    Tem sido uma luta muito grande mantê-la,pois os proprietários vizinhos desmatam constantemente, sem serem incomodados, apesar das denúncias,e além de nos expormos denunciando, ficamos ao “Deus dará”,como se diz, pois efetivamente nada se faz!Precisamos de apoio verdadeiro, de entidades e pessoas que realmente se unam não apenas no discurso, em eventos expositivos (!!),mas nas ações de conscientização de “soma” para quem está lutando de verdade pelas áreas que estão cada vez mais, sendo atacadas e destruídas!!
    Vemos isso todos os dias !!
    Pergunto a todos quanto lerem esse desabafo : tem alguém que realmente possa somar esforços DE FORMA E COM AÇÕES PRATICAS CONOSCO???
    Que DEUS nos oriente !!!

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