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Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Sema) está sob investigação, artigo de Nelson Tembra

[EcoDebate] O Liberal deste sábado, 23 de maio de 2009, no Caderno Poder traz a notícia de que a Polícia Federal apura esquema que inclui a venda de documentos frios.

A reportagem informa que o clima na Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (Sema) é de teoria da conspiração. A Polícia Federal se instalou discretamente em salas e gerências para desvendar o que seria um grande esquema de propinas para liberação de planos de manejo irregulares e venda de documentos frios.

Uma secretaria inteira hoje está sem controle e dominada pelo medo. É assim que está a Sema, paralisada e inerte diante das denúncias de corrupção, com afastamento de servidores efetivos, exoneração de comissionados e uma forte pressão sobre todos os que lidam com liberação de processos.

A realidade entre os servidores, no entanto, aponta para outro lado. Oito servidores afastados de suas funções na última sexta-feira, 22, apontados como agentes da corrupção, são reconhecidos internamente pela seriedade e moralidade implantadas no trato dessas matérias.

O titular da Gerência de Sistemas de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Gesflora), engenheiro agrônomo Marcelo Silva Auzier, denuncia que foi exonerado da função depois do bloqueio de 458 empresas madeireiras no sistema da Sema. Todas as empresas estavam sem licença de operação e outros documentos.

Ele também revela que fez o fechamento de mais de 50 empresas madeireiras fantasmas, ainda sob investigação, que estavam pleiteando áreas para manejo no Estado. Além disso, segundo Marcelo Auzier, a Gesflora conseguiu reduzir em 80% o volume de crédito lançado no sistema da Sema. Esse crédito florestal é a quantidade de madeira que uma empresa pode comercializar. “Antes, havia muita autorização para as empresas fantasmas. Eu tenho números e falo com embasamento”, disparou o ex-gerente.

Clima de medo impera com exonerações e pressões sobre servidores

A equipe da Gesflora inteiramente substituída é formada por seis servidores efetivos e dois comissionados. Os afastados foram servidores efetivos, concursados há pouco mais de dois anos. Além de Marcelo, a caneta do secretário Walmir Ortega atingiu Marcos Felipe Macedo Cardoso, Luciana Noronha, Fernanda Aleixo de Castro, Josélia Paiva de Souza e Sheila Albuquerque de Souza, esta última, aliás, está até de licença-maternidade.

Os exonerados foram Gisele da Silva Oliveira e Josiane de Mendonça Pantoja. “Quem é bandido e rouba come Nissin Miojo no almoço todos os dias?”, questionou Josélia, exibindo o pacote do produto que leva de casa para o emprego.

O expediente de ontem na Sema foi suspenso por conta de paralisação de servidores em solidariedade aos afastados e demitidos. “Fomos exonerados como bandidos. Deveriam fazer auditoria na nossa gerência com a gente lá dentro. Se nos afastaram, já partiram do princípio de que somos bandidos. Mas tudo o que é feito ali é digital. Eles têm que investigar é quem está entrando no sistema para fazer as autorizações”, dispararam.

Uma das afastadas, Josiane realçou que quer direito de defesa. “Eu nunca favoreci madeireiras ilegais. Eu trabalhava no atendimento ao público, atendia todas as terças e quintas pelo menos 60 madeireiros e nunca pratiquei um ato de corrupção. A Polícia Federal pode até dormir na minha casa que nunca vai comprovar nada”, reagiu.

O gerente da Gesflora, Marcelo Auzier, disse que vai exigir da Secretaria de estado de Meio Ambiente uma retratação formal sobre seu afastamento. Ele também destacou que vai entregar um relatório completo de suas ações no Ministério Público e Polícia Federal.

Leia mais no EcoDebate: Trocando em pílulas.

Leia mais no EcoDebate: É triste a constatação de que, enquanto os setores sérios da economia formal são ‘engessados’ e penalizados pelo pouco caso e excesso de burocracia, aqueles que praticam desmatamento ilegal e outros ilícitos ambientais são premiados com a impunidade e continuam auferindo altos lucros, nos levando a concluir que o errado está certo e o certo está errado, que devemos ter vergonha de ser honesto e modificar por completo o conceito com relação a nossa própria consciência, determinados valores e convenções sociais, certos políticos e autoridades constituídas.

Nelson Batista Tembra, Engenheiro Agrônomo, Consultor Ambiental e Pesquisador Independente, com 28 de experiência profissional, é colaborador e articulista do EcoDebate.

[EcoDebate, 25/05/2009]

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