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Artigo

Nigéria: Diga NÃO para pneus à custa das comunidades, artigo de Norbert Suchanek

[EcoDebate] Tudo começou no dia 29 de maio de 2008, quando mais de 3.500 hectares da reserva florestal de Iguobazuwa, que inclui terras agrícolas individuais e comunais, foram transformados em plantações de borracha por um acordo ilegal, sem o consentimento da comunidade. A empresa Michelin arrasou com tratores a floresta e também as terras das comunidades. As mulheres de Iguobazuwa perderam tudo. A ONG Alemã Rettet den Regenwald criou agora uma ação de protesto contra Michelin (http://www.salveaselva.org/).

A invadida reserva florestal de Iguobazuwa está localizada no Estado de Edo, no sudoeste da Nigéria. A reserva já foi descrita no passado como uma das florestas e regiões mais ricas em biodiversidade da Nigéria e inclui animais como macacos, antílopes, aulacodos (roedores tropicais), tartarugas, caracóis e aves. Nos arredores da reserva habitam comunidades agrárias com mais de 20.000 pessoas que dependem da floresta para o seu sustento diário e que tinham suas terras agrícolas ao redor das florestas. Elas plantam alimentos como mandioca, inhame, banana, abacaxi, melão, milho e hortaliças tanto comestíveis quanto medicinais.

Quando a Michelin chegou, arrasou com tratores os 3.500 hectares de florestas e também as terras da comunidade local que da noite para o dia teve suas duas fontes de sustento, a floresta e a terra agrícola, completamente destruídas. As comunidades de Iguobazuwa perderam tudo. Houve diversas tentativas de diferentes membros das comunidades para fazer com que suas vozes fossem ouvidas, mas nada mudou. As mulheres, cansadas de uma atitude passiva, decidiram erguer suas vozes e fazer que suas exigências fossem ouvidas tanto pelas autoridades quanto pela empresa.

Elas estão enfrentando sérias ameaças relacionadas com escassez de alimentos – o que resulta em aumento dos preços dos alimentos nos mercados locais e que levou à fome e à má nutrição – e também riscos à saúde, devido a surtos de epidemias decorrentes da extinção de plantas medicinais do local, por causa da transformação das florestas em plantações de borracha. Elas afirmam que não irão parar a luta até a terra ser devolvida, cada árvore cortada seja replantada e uma abundante compensação pelas lavouras destruídas seja dada. Elas sabem que não é um caminho fácil e para consegui-lo sabem que precisam do apoio internacional.

Não quero dinheiro. Quero que devolvam minha terra… se agora eles me derem um milhão de Naira [a moeda local], ainda estarei no vermelho , mas se eu tenho minha terra posso cultivar para cuidar da minha família e possivelmente passar as terras para meus filhos.” (Mulher de Iguoriakhi)

Norbert Suchanek, Rio de Janeiro.
Correspondente e Jornalista de Ciência e Ecologia, colaborador e articulista do EcoDebate.
http://www.salveaselva.org/

[EcoDebate, 10/03/2009]

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