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Notícia

Pesquisadores estudam os prejuízos provocados por incêndios florestais

incendio florestal controlado

Um fogo experimental levado a cabo na passada sexta-feira em Portugal permitiu aos investigadores da Universidade de Wageningen, Holanda, conseguir mais informações sobre a erosão do solo que ocorre na sequência dos incêndios florestais. Sob condições controladas, um grupo de investigadores fez arder dez hectares de área de charneca.

Esta experiência é importante para as áreas mediterrâneas já queimadas ou ameaçadas por incêndios, mas também para a Austrália, onde após os recentes fogos florestais se prevê que o aprovisionamento de água potável venha a ser ameaçado. As primeiras medições em Portugal permitiram constatar que as chamas podem atingem a impressionante temperatura de 900 graus.

No âmbito do seu doutoramento, Cathelijne Stoof da Universidade de Wageningen efetua uma investigação sobre o que acontece com os solos antes e depois de um incêndio florestal. Estes conhecimentos deverão levar ao desenvolvimento de técnicas que consigam travar a erosão dos solos e consequentes cheias. A investigação englobou um incêndio experimental numa área de 10 hectares (15 campos de futebol) no centro de Portugal, que se trata do primeiro incêndio experimental a esta escala. O terreno onde foi efetuada a experiência, Valtorto, situa-se junto a Gois, no centro de Portugal.

Nas zonas mediterrâneas lavram anualmente grandes incêndios florestais que danificam por completo a vegetação desses locais. As primeiras chuvas após um incêndio florestal frequentemente dão origem a grandes inundações e à erosão dos solos, o que representa uma ameaça para as populações envolvidas. A prevenção da erosão permite a recuperação mais rápida das áreas agrícolas e florestais afetadas pelos fogos.

O grupo de investigação colocou dezenas de sensores e instrumentos de medição no terreno de prova, com o objetivo de registrar claramente os efeitos do incêndio. Durante o incêndio – vigiado por três corpos de bombeiros – foi efetuado o registro da temperatura do solo e das chamas. A temperatura das chamas atingiu uma média de cerca de 550 graus, com chamas até cerca de dois metros. Uma vez que os investigadores incendiaram o terreno a partir de dois locais, no momento em que as duas frentes de fogo se encontraram, a temperatura atingiu os 900 graus Celsius, com chamas com uma altura superior a dez metros. O desenvolvimento de calor atingiu tal intensidade que provocou aspiração do fumo e ar do ambiente envolvente.

As primeiras medições em Valtorto tiveram lugar em 2007. A partir desse momento, os instrumentos de medição têm vindo a registrar a precipitação, a quantidade de chuva absorvida pela vegetação, a umidade do solo e o grau de erosão em áreas inclinadas. Uma constatação importante é a resistência que a água encontra ao longo de um terreno inclinado. Quanto menor é essa resistência, e portanto maior é a velocidade do fluxo, mais rapidamente se processa a erosão das encostas. Estas medições continuarão a ser efetuadas durante um mínimo de dois anos.

Austrália

Os recentes incêndios florestais na Austrália, incontroláveis e com temperaturas altíssimas, sublinham a importância do estudo de Cathelijne Stoof da Universidade de Wageningen: “Após os grandes incêndios junto a Sydney de alguns anos atrás, verificaram-se grandes problemas com o aprovisionamento de água potável durante bastante tempo, uma vez que os reservatórios tinham sido contaminados com sedimento proveniente dos solos erodidos. Melbourne irá sofrer o mesmo problema, uma vez que aí só foi utilizada água de superfície e não existe depuração de água.”

Esta pesquisa faz parte do projeto Desire da EU, no âmbito do qual investigadores de todo o mundo procuram encontrar meios de combate à desertificação. A Escola Superior Agrária de Coimbra em Portugal, a Swansea University em Wales, Inglaterra e a Wageningen Universiteit na Holanda trabalham conjuntamente nas pesquisas com o incêndio experimental, com vista à prevenção da degradação dos terrenos e recuperação de áreas queimadas.

* Informações da Wageningen University and Research Centre

[EcoDebate, 03/03/2009]

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