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Estudo na Suécia propõe estratégia para vencer resistência de células de câncer de mama à droga tamoxifeno

Molécula torna tumor vulnerável – Cientistas europeus descobriram uma molécula capaz de quebrar a resistência de alguns tumores ao tamoxifeno, uma das principais drogas usadas no tratamento do câncer de mama. Os resultados, por enquanto limitados a experimentos in vitro e com camundongos, abrem mais uma porta de esperança para mulheres que hoje não respondem ao medicamento e, por isso, precisam recorrer a tratamentos mais agressivos, como a quimioterapia.

Cerca de 30% das pacientes com câncer de mama são resistentes ao tamoxifeno, segundo o diretor de Oncologia Clínica do Hospital A. C. Camargo, Marcello Fanelli. Além disso, nos outros 70%, muitas mulheres são sensíveis à droga no início, mas tornam-se resistentes no decorrer do tratamento. Matéria de Herton Escobar, do O Estado de S.Paulo, com informações complementares do Ecodebate.

O tamoxifeno funciona como um bloqueador da interação entre as células tumorais e o hormônio feminino estrógeno. A molécula da droga se liga ao receptor de estrógeno na membrana celular, impedindo que o hormônio estimule o desenvolvimento do tumor – como uma chave falsa que se encaixa na fechadura e impede a abertura da porta.

Muitos tumores (cerca de 30%) não possuem o receptor de estrógeno. À primeira vista, isso pode parecer bom – afinal, se não há fechadura, não é preciso bloqueá-la. O problema é que os tumores sem receptor são tipicamente mais agressivos, formados por células mais “primitivas” (indiferenciadas). E sem a fechadura do estrógeno, a chave do tamoxifeno não tem como se encaixar na célula. “Você perde o seu mecanismo de controle”, explica Fanelli. “Sem o receptor, o tratamento não funciona.”

A solução, proposta por cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, consiste em produzir uma molécula que restaura a expressão dos receptores de estrógeno nas células tumorais, tornando-as suscetíveis ao tamoxifeno. Eles identificaram uma molécula natural que faz exatamente isso, chamada Wnt-5a, e fabricaram uma outra muito parecida com ela, a Foxy-5, que mostrou ter o mesmo efeito.

Em experimentos in vitro, células resistentes tratadas com a molécula Foxy-5 voltaram a produzir receptores de estrógeno e tornaram-se vulneráveis ao tamoxifeno – ou seja, foram destruídas. O mesmo ocorreu com células de tumores em camundongos.

Os resultados estão publicados na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Os dois autores principais do estudo, Caroline Ford e Tommy Andersson, tem um pedido de patente sobre a molécula Foxy-5.

O estudo “Wnt-5a signaling restores tamoxifen sensitivity in estrogen receptor-negative breast cancer cells“, publicado na revista PNAS, Published online before print February 23, 2009, doi: 10.1073/pnas.0809516106, está disponível para acesso, no formato PDF. Para acessar o artigo clique aqui.

Segundo Fanelli, o estudo abre uma perspectiva promissora, mas é preciso aguardar mais pesquisas para saber se a técnica funcionará como terapia em seres humanos.

GENÉTICA

Dois outros estudos [The Atonal Proneural Transcription Factor Links Differentiation and Tumor Formation in Drosophila e Atonal homolog 1 Is a Tumor Suppressor Gene] publicados na revista PLoS Biology identificam um gene que pode inibir (ou induzir) o câncer em seres humanos, camundongos e moscas-das-frutas. Experimentos mostraram que o gene, ATOH1, inibe a formação de tumores quando ativado, porque induz a diferenciação das células. Animais nos quais o gene foi desligado tiveram uma ocorrência maior de tumores. O gene, portanto, pode ser um importante alvo terapêutico. Os dois artigos estão disponíveis para acesso integral no formato HTML.

* Matéria do O Estado de S.Paulo, Terça-Feira, 24 de Fevereiro de 2009.

[EcoDebate, 26/02/2009]

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