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Estudo da USP mostra que a fragmentação da mata atlântica afeta biodiversidade

Diminuição do hábitat de anfíbios e répteis aumenta risco de extinção – Estudos do Laboratório de Ecologia de Paisagens e Conservação (LEPaC) da Universidade de São Paulo (USP) comprovam o impacto do processo de fragmentação da mata atlântica na biodiversidade de anfíbios e répteis.

Uma pesquisa publicada este mês na revista científica Biological Conservation comparou a diversidade genética dos sapos Rhinella ornata – uma das espécies mais comuns no Estado – encontrados em 15 fragmentos do bioma localizados no entorno da Reserva Florestal de Morro Grande, em Cotia (SP), a 35 quilômetros de São Paulo. Matéria de Alexandre Gonçalves, no O Estado de S.Paulo, 28/01/2009.

A pesquisadora Marianna Dixo instalou armadilhas na mata para capturar cerca de 270 animais e extrair amostras do seu material genético. Depois cruzou os dados com características do lugar onde foram encontrados: tamanho do fragmento florestal e existência de corredores de vegetação ligando a outros trechos de mata.

O trabalho demonstrou que a diversidade genética está relacionada ao tamanho dos fragmentos. “Quanto maior é o hábitat, maior é a população (de animais) e, como consequência, há maior diversidade genética”, explica Marianna. O empobrecimento na diversidade dos genes pode aumentar o risco de extinção de uma espécie, pois diminui sua capacidade de adaptação a fatores ambientais adversos.

A presença de corredores de vegetação com mais de 25 metros de largura, ligando os fragmentos de mata, não exerceu uma influência significativa sobre a diversidade genética desta espécie de sapo. Mas Marianna afirma que constatou uma relação direta entre a existência dos corredores e a estabilidade populacional dos sapos no decorrer dos anos. “Populações de fragmentos isolados são mais vulneráveis a uma diminuição repentina.”

O lagarto Enyalius perditus é ainda mais sensível à fragmentação das florestas. Um trabalho semelhante ao realizado com o sapo R. ornata mostrou que o réptil só consegue sobreviver em grandes porções de mata atlântica preservadas.

Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, considera muito importante a publicação de estudos sobre os impactos concretos da fragmentação na biodiversidade. “Sem dúvida, esse é o problema mais sério que a mata atlântica enfrenta”, aponta Márcia. Ela recorda que há cerca de 234 mil fragmentos com mais de 0,03 km², mas apenas 17 mil com mais de 1 km².

Márcia salienta que a pesquisa da USP foi realizada em uma das regiões mais preservadas do bioma – um braço da mata que começa no Rio e desce para o Vale do Ribeira. “O impacto observado poderia ser ainda maior em regiões mais degradadas”, afirma. “As pessoas precisam reconhecer a importância da mata atlântica para o fornecimento de água e o equilíbrio climático nas cidades.”

* Matéria do O Estado de S.Paulo, Quarta-Feira, 28 de Janeiro de 2009 | Versão Impressa

[EcoDebate, 29/01/2009]

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