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Notícia

Agricultura familiar é responsável por 60% dos alimentos consumidos no Brasil

Alimentos produzidos por agricultores familiares e assentados da reforma agrária representam 60% do que é consumido pelos brasileiros.

Na Semana Mundial da Alimentação, no Brasil os agricultores familiares e assentados da reforma agrária têm muito o que comemorar: a produção desses trabalhadores representam mais da metade de todos alimentos consumidos pela população do País. Cerca de 60% de toda a comida que chega até a mesa dos brasileiros vêm das propriedades familiares. Entre os motivos para a participação expressiva, há um em especial: o incentivo do governo federal à atividade, a exemplo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf.

Segundo o gerente do Pronaf, Adoniran Sanchez Peraci, o percentual varia conforme o produto. No caso do feijão, por exemplo, a agricultura familiar representa 95% do consumo brasileiro. Já os hortigranjeiros atendem 98% da população. Em relação às carnes e ao leite, o consumo fica entre 70% e 80%. “Esse número cai um pouco para os produtos de exportação, como o milho e a soja. Mas, em geral, o cardápio sai principalmente da produção familiar”, destacou Peraci.

O Brasil possui 4,8 milhões de estabelecimentos rurais. Deles, 4,1 milhões de propriedades (85% do total) são da agricultura familiar. Atualmente o Pronaf já beneficia 1,6 milhão de agricultores em todo o País. “Até 2003, os investimentos somavam R$ 2,2 bilhões para 900 mil agricultores. Agora, somente nos últimos 12 meses do governo Lula, para 1,6 milhão de agricultores, o valor chegou a R$ 6,3 bilhões”, comparou o gerente do Pronaf. No atual Plano Safra da Agricultura Familiar, a meta é aplicar R$ 9 bilhões e atender dois bilhões de agricultores.

Os números refletem a importância dos investimentos no campo tanto para o próprio meio rural quanto para a economia do País, avaliou Peraci. “Por um lado se fez uma gigantesca política de inclusão social por meio do sistema financeiro, alcançando pessoas que nunca tinham acessado créditos e trabalhavam na informalidade da economia. Por outro lado, se amplia o trabalho de produção familiar de alimentos.”

Para participar do programa, basta ao agricultor ou assentado procurar informações nas agências do Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, entidades de assistência técnica e sindicatos de trabalhadores rurais nos municípios. As dúvidas também podem ser esclarecidas gratuitamente pelo telefone 0800-787000, que funciona 24 horas.

Jovens de Pernambuco

Um exemplo da participação da agricultura familiar na produção de alimentos no País é o da Associação de Jovens dos Filhos e Filhos dos Trabalhadores do Projeto Catende Harmonia, em Catente (PE), que produz sementes de milho. A associação já leva o Selo de Tecnologia Social para Agricultores Brasileiros, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o que garante a qualidade das sementes. São cerca de 80 pessoas de comunidades locais envolvidas. Somente neste ano foram produzidas mais de três toneladas de sementes com a ajuda dos técnicos em extensão rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Embrapa.

O coordenador do projeto, Lenivaldo Marques da Silva Lima, conta que a experiência surgiu para gerar renda aos jovens trabalhadores rurais da região. “Esse é o primeiro ciclo dessa cultura de milho e nós não tínhamos nenhuma experiência com esse tipo de plantio. A produção de sementes é importante porque agrega valor ao milho”, afirmou. A associação já está negociando com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a distribuição das sementes para a agricultores familiares e assentados da reforma agrária para disseminar o plantio. “É uma estratégia de diversificação da cultura regional, porque aqui é uma área de monocultura da cana-de-açúcar e nós queremos disseminar a produção também do milho”, explicou.

Lenivaldo Lima acrescentou ainda que o trabalho é muito importante porque dá mais autonomia ao agricultor. “A distribuição vai levar autonomia para os agricultores, criando um banco de sementes e fornecendo os conhecimentos necessários para a produção.” Até agora os investimentos da associação, contando com adubação, transporte da produção, mão-de-obra e alimentação dos jovens ultrapassaram R$ 11 mil. A previsão de lucro com a venda do milho já chega a R$ 30 mil.

Semana da Alimentação

A Semana Mundial de Alimentação, que vai de 16 a 22 de outubro com atividades programadas em todo o Brasil, foi lançada na última terça-feira (11), em Brasília, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome). Durante a solenidade, Patrus apresentou um balanço do Fome Zero.

(Ecodebate) Fonte MDA Notícias / Min. Des. Agrário